Você obviamente sabe que para
tudo na vida exige preparação. Para realizar um trabalho, exercer uma
profissão, cumprir uma tarefa, etc, é preciso aprender e preparar-se para as
dificuldades que normalmente aparecem e para as quais as pessoas sempre esperam
de nós a solução ou uma resposta satisfatória.
No esporte, os jogadores fazem
pré-temporada, para ter fôlego para as competições do ano todo. Os estudantes
leem e releem seus livros para as provas. Os profissionais de todas as áreas
sempre reservam um tempo para atualização e aperfeiçoamento.
Também precisamos dessa
preparação. Precisamos seguir o exemplo de Jesus, sair da multidão e ir ao
deserto e realizar exercícios espirituais que nos fortaleçam. Também o deserto
é o local propício para o encontro com Deus e também para o enfrentamento do
inimigo. No deserto, deixamos o mundo de lado, submetemos a carne à servidão,
encontramos a Deus e d’Ele recebemos força para enfrentar o maligno, que sempre
espreita a ocasião favorável para tentar fazer cair os servos do Deus
Altíssimo.
A Quaresma é o tempo propício
para a prática desses exercícios, para a esmola, para as santas leituras, para
o jejum, para a busca de Deus e também para a compreensão de tudo aquilo que
Deus pretende realizar através de nós.
Quaresma quer
dizer quadragésima ou o período de quarenta dias, lembrando que o número
quarenta é muito significativo na Bíblia. O dilúvio consistiu em quarenta dias
e quarenta noites de chuva torrencial (Gênesis 7,4). Em Sodoma não havia
quarenta justos (Gênesis 18, 29). Os israelitas comeram o maná durante quarenta
anos (Êxodo 16, 35). Moisés ficou quarenta dias e quarenta noites na montanha (
Êxodo 24, 18). “Moisés ficou
junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água.
E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez palavras.” (Êxodo
34, 28). “Eis já quarenta anos que o Senhor teu Deus
está contigo, e nada te faltou.” (Deuteronômio 2, 7). “Lembra-te
de todo o caminho por onde o Senhor te conduziu durante esses quarenta anos no
deserto, para humilhar-te e provar-te, e para conhecer os sentimentos de teu
coração, e saber se observarias ou não os seus mandamentos.” (Deuteronômio 8, 2)
(Jejum de Moisés). “Passados quarenta dias e quarenta noites, o Senhor
entregou-me as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança.” (Deuteronômio 9, 11).
“Como da primeira vez, fiquei sobre o monte quarenta dias e quarenta noites, e
ainda dessa vez o Senhor ouviu-me, e renunciou a destruir-te.” (Deuteronômio 10, 10).
“Eu vos conduzi durante quarenta anos pelo deserto, sem que vossas vestes se
gastassem sobre vós, nem os sapatos de vossos pés.” (Deuteronômio 29, 5).
“Davi tinha trinta anos quando começou a reinar, e seu reinado durou quarenta
anos” (II Samuel 5, 4). “Salomão
reinou sobre todo o Israel durante quarenta anos, em Jerusalém”. (I Reis 11, 42). Elias
levantou-se, comeu e bebeu e, com o vigor daquela comida, andou quarenta dias e
quarenta noites, até Horeb, a montanha de Deus (I Reis 19, 8). “O
reinado de Salomão sobre todo o Israel durou quarenta anos, em Jerusalém.” (II Crônicas 9, 30).
Essas são apenas algumas citações em que o número
quarenta aparece com forte conteúdo simbólico.
Mas lembremos – como já referi antes - que a quaresma
também nos remete ao deserto, onde Jesus viveu esse período maravilhosamente
frutífero após o batismo recebido de João. O deserto nos lembra da carência, da
falta das coisas, da necessidade que temos do auxílio de Deus e dos anjos, dos
animais ferozes (dificuldades e oposição maligna). O deserto lembra a fome, a
sede (coisas que precisamos saber renunciar pelo bem da família) e as tentações
que sofremos todos os dias.
Portanto, precisamos imitar Jesus e também ir ao deserto
para os exercícios próprios da quaresma. Aliás, este período quaresmal deve ser
dedicado aos exercícios próprios da espiritualidade, à ascese (exercícios e
esforços para a purificação gradual da alma e do corpo), à conversão, ao
aprofundamento e principalmente à meditação da Paixão de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Precisamos de um exame de consciência que nos permita identificar
vícios e falhas no nosso procedimento. Precisamos confessar nossas culpas e nos
encher de novo ânimo. Precisamos da cor roxa, que simboliza a penitência (os
padres usam estolas da cor roxa justamente com este significado), mas
precisamos também ser assíduos à Igreja, participando das celebrações e
cumprindo aquilo que a Igreja nos pede.
Com efeito, para melhor compreender este período e como
devemos vivê-lo, vamos estabelecer três palavras-chave: ORAÇÃO, PENITÊNCIA e CARIDADE. Portanto, nesta quaresma,
exercitemo-nos na ORAÇÃO, na PENITÊNCIA e na CARIDADE, para que durante todo o
ano nós possamos ser mais do que vencedores.
Louvado seja
Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado.
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