sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Idolatria - Imagens - Êxodo 20 - Igreja Católica - Paganismo - Tempo.

 Trecho abaixo do livro: "Por que sou devoto de Maria!?", do Diácono Marcos Suzin.

E QUANTO ÀS ACUSAÇÕES DE IDOLATRIA?

“...Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor.”[1]

Tenho certeza que você, querido leitor, já se deparou com os questionamentos oriundos do meio protestante, nos quais, muitas vezes, somos acusados de idólatras e adoradores de imagens.

Os fundamentos das acusações normalmente são retirados do capítulo 20 do Livro do Êxodo e dos Salmos 115 (Heb), 4-8 (113, 12-16 na versão grega) e 134 (Heb 135) 15-18.

Vou demonstrar que tais citações e passagens não se aplicam às imagens católicas, muito menos aos ícones e estatuetas representativos da Santíssima Virgem Maria, de São José, dos santos, dos anjos e de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vamos ver o que nos revela o capítulo 20 do Livro do Êxodo:

“1. Então Deus pronunciou todas estas palavras: 2. ‘Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da servidão. 3. Não terás outros deuses diante de minha face. 4. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. 5. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vingo a iniqüidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam, 6. mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos’...”[2]

Em primeiro lugar, é preciso fixar-se no tempo, para verificar quando ocorreu o êxodo de Israel do Egito e qual a realidade vivida pelo povo naquela circunstância.

A narrativa se refere ao ano aproximado de 1250 a.C. (um mil, duzentos e cinquenta anos antes de Cristo), quando Moisés liderou a saída do povo israelita do Egito. Note-se que a Palavra diz claramente “que te fez sair do Egito”, principal e mais poderosa civilização da antiguidade, cujas influências perduram até os dias de hoje, país onde os hebreus[3] permaneceram durante 400 (quatrocentos) anos desde a chegada de Jacó e seus filhos.

Em outras palavras e voltando um pouco mais no tempo, observa-se que Jacó e seus filhos, dos quais se originaram as 12 (doze) tribos de Israel, chegaram ao Egito por volta de 1650 a.C., deixaram o país dos faraós em 1250 a.C., tendo, portanto, a nação dos hebreus se formado a partir dos filhos de Jacó e permanecido no Egito durante 4 (quatro) séculos, período no qual foram paulatinamente reduzidos à condição de escravos, sendo, por fim, libertados pela mão poderosa de Deus e de seu instrumento Moisés.

A esse respeito, muito importante a leitura do Salmo 104, versículos 23 a 26 (Heb. 105):

“Então Israel penetrou no Egito, Jacó foi viver na terra de Cam. Deus multiplicou grandemente o seu povo, e o tornou mais forte que seus inimigos. Depois de tal modo lhes mudou os corações, que com aversão trataram seu povo, e com perfídia, os seus servidores. Mas Deus lhes suscitou Moisés, seus servo, e Aarão, seu escolhido...”

Nota-se, conforme a passagem acima, que durante a longa estada no Egito, os descendentes de Jacó se multiplicaram de modo a constituir uma populosa nação dentro do próprio Egito, despertando, inclusive, a inquietação das lideranças egípcias.

Nesse período de quatro séculos, os judeus, principalmente após a morte de José, filho de Jacó e Raquel, foram oprimidos e submetidos à cultura e à religião egípcia. Muitas vezes foram constrangidos a assumir o modo de vida egípcio, além de cultuar suas divindades e esculpir monumentos colossais em homenagem aos deuses do Egito.

Isso obviamente ofendeu muito a fé do povo israelita, lembrando que Israel era a única nação monoteísta do mundo antigo e formava o único povo que realmente conhecia a Deus. Muitos, no entanto, acabaram aderindo às práticas idólatras e politeístas dos egípcios, sendo intuitivo que houve grave prejuízo à identidade religiosa do povo de Israel, muito embora tal identidade em nada pudesse ser extinta por conta das promessas feitas por Deus ao patriarca Abraão.

Desta forma, já orientados e fixados no tempo, observamos que, para compreender adequadamente a citação antes transcrita (Êxodo 20), também é preciso estudar a história do Egito e a religião dos egípcios, para, então, compreender o que real e verdadeiramente significam as expressões constantes no já mencionado capítulo 20 do Livro do Êxodo.

Pois bem, vamos a um rápido estudo sobre a religião dos egípcios.

Como falado anteriormente, o Egito, como as demais nações do mundo antigo, era politeísta e teocrático, ou seja, os egípcios adoravam a vários deuses, cada um deles com suas características e especialidades próprias, e a religião era uma forma de exercício do poder político e de controle da sociedade. Além disso, a religião era baseada no culto de seres com representação antropozoomórfica, ou seja, que eram, no mais das vezes, parte humano e parte animal, ou, ainda, zoomórfica, quando a divindade cultuada tinha unicamente o aspecto animal, sendo combinadas características de força, misticismo e mistério.

Acerca da religião dos egípcios, podemos citar Jonathas Serrano, que assim ensinou:

“Como outros povos primitivos, os Egípcios divinizavam as forças da Natureza e adoraram a terra, o céu, o sol e o Nilo. Os deuses são invocados com diversos nomes, conforme as circunstâncias: Osíris, Rá, Amon, Fta (o sol); Ísis, Ator (a lua); Hórus (o céu) etc. Adoravam vários animais, sendo célebre o culto prestado ao boi Ápis. Até as plantas receberam honras divinas. Tudo era deus, exceto Deus, como escreveu Bossuet.

Admitiam a imortalidade da alma e a metempsicose ou migração das almas. Tinham grande veneração pelos mortos, que eram cuidadosamente embalsamados (múmias) e postos em suntuosos sepulcros, dentro dos sarcófagos (ou caixões funerários). Antes de ser sepultado, o morto devia ser julgado pelos sacerdotes, ainda que fôsse um faraó.”[4]

A principal divindade cultuada pelos egípcios era “Amon-Rá”[5], cujos templos eram Luxor e Carnac. Tal deus era considerado o “sol que dá vida ao país” e sua representação tinha a figura humana de um rei com duas plumas no lado direito da cabeça, sendo, por vezes, representado pelas figuras zoomórficas de um carneiro ou de um ganso. “Amon-Rá” era o “sol”, ou seja, conforme a referência bíblica antes mencionada, “aquele que está em cima, nos céus”, lembrando que os egípcios adoravam os astros, especialmente o sol[6].  

Outra divindade cultuada pelos egípcios era “Anúbis”, o chamado “mestre dos cemitérios”, que, segundo a crença, presidia as mumificações, pesava os corações dos mortos para saber-lhes a sorte que se adviria no além da vida. Este é o que estaria “debaixo da terra” e tinha a cabeça de cachorro selvagem (chacal) e corpo humano (vide imagem à direita).

As divindades que estariam “nas águas” ou “sobre a terra” poderiam ser os deuses de aspecto zoomórfico cultuados pelos egípcios, referidos como “aves, quadrúpedes e répteis” por São Paulo na Carta aos Romanos (Capítulo 1, versículo 23),  também lembrado na visão de São Pedro em Atos dos Apóstolos 11, 5-6[7] e, igualmente, no capítulo 11, versículos 15-16, do Livro da Sabedoria.

Outros deuses egípcios tinham forma de crocodilo (Sobek ou Sebek), ligado à ideia de terror e aniquilamento. Também merece observação Leviatã[8] (referido como uma espécie de dragão dos mares e igualmente mencionado na mitologia dos fenícios), porco-formigueiro (Set, apontado como responsável pelas guerras e pela escuridão) ou cabeça de aves de rapina (Hórus, que era representado com cabeça de falcão, sendo cultuado como o protetor dos faraós).

Portanto, conforme a exposição acima, as imagens que Deus proibiu quando estabeleceu as condições de sua aliança são as figuras representativas dos deuses do Egito e, eventualmente, outros ídolos dos povos da Mesopotâmia, como foi o caso de “Baal de Fegor”, ídolo dos moabitas (vide Números 25 e Salmo 105, 25), observando-se que por onde Moisés passava os ídolos desmoronavam, rotina que foi reeditada por Nosso Senhor Jesus Cristo quando de sua oportuna, necessária e relativamente breve passagem pelo Egito, quando da fuga da Sagrada Família da ira impiedosa de Herodes, período no qual se mantiveram fora da jurisdição de Herodes na “Terra dos Faraós”[9].

Também merece nota que alguns dos deuses do Egito também eram cultuados na Europa pré-cristã, observando que o culto cristão fez ruir todos esses ídolos e Jesus assumiu definitivamente a condição de Luz do Mundo.

A título de confirmação, no que se refere ao ciúme que Deus tem de seu povo eleito[10], cito a seguinte passagem do Livro do Êxodo:

“Naqueles dias, o Senhor disse a Moisés: 10 ‘Eu vou fazer uma aliança. Em presença de todo o teu povo, farei prodígios que nunca se viram sobre a terra, nem em nação alguma, para que todo o povo, no meio do qual estás, perceba como são terríveis as obras do Senhor, que vou realizar contigo. 11Observa tudo o que hoje te ordeno. Eu mesmo expulsarei da tua frente os amorreus, os cananeus, os hititas, os fereseus, os heveus e os jebuseus. 12Guarda-te de estabelecer amizade com os habitantes do país onde vais entrar, para que não te sejam ocasião de ruína. 13Ao contrário, destruirás seus altares, quebrarás suas estelas e cortarás suas árvores sagradas.

14Não te prostrarás diante de um deus estrangeiro, porque o Senhor se diz Ciumento, e, de fato, o é. 15Não estabeleças aliança com os homens daquelas regiões, para que, ao se prostituírem com seus deuses, e quando lhes oferecerem sacrifícios, não te convidem, e tu não venhas a comer de suas vítimas. 16Nem tomes suas filhas como esposas para teus filhos, para que, ao se prostituírem elas com seus deuses, não levem teus filhos a se prostituírem igualmente com eles. 17Não farás para ti deuses de metal fundido.

Também é importante observar que ciúme de Deus se evidencia no fato de que os nomes dos “deuses do Egito” ou dos ídolos sequer são pronunciados, tamanha a abominação de Deus a tais personagens, que antes de qualquer consideração eram demônios usurpadores da glória de Deus[11]. Essa recusa na pronúncia dos nomes dos ídolos fica muito evidente no Salmo 15 (Heb. 16)[12], ocasião em que o salmista expressamente manifestou: “Numerosos são os sofrimentos que suportam aqueles que se entregam a estranhos deuses. Não hei de oferecer suas libações de sangue e meus lábios jamais pronunciaram o nome[13] de seus ídolos.”

Não fosse esta confirmação suficiente, cito ainda o Salmo 80 (Heb. 81):

“Escuta, ó povo, a minha advertência: Possas tu me ouvir, ó Israel! Não haja em teu meio um deus estranho, nem adores jamais o deu de outro povo. Sou eu, o Senhor, teu Deus, eu que te retirei do Egito. Basta abrires a boca e te satisfarei. No entanto, meu povo não ouviu a minha voz, Israel não me quis obedecer...”

Desta forma, conforme demonstrado acima, feitas as devidas ponderações, as imagens que Deus proíbe são as representativas dos ídolos pagãos e dos deuses da religião egípcia e dos demais povos daquele tempo, cujos nomes sequer se digna pronunciar, observando que as imagens desses deuses eram muito disseminadas no mundo antigo nos mais variados e distantes lugares.

Isso tanto é verdade que o próprio Deus, no mesmo Livro do Êxodo, porém agora no capítulo 25, versículo 18, mandou Moisés providenciar que fossem esculpidas imagens de dois querubins de ouro para serem colocados um de cada lado da Arca da Aliança. Mais diante, no Livro dos Números, capítulo 21, versículo 8, Deus mandou esculpir a imagem de uma serpente de bronze para curar os picados pelas serpentes que infestavam o acampamento; imagem esta que o próprio Jesus Cristo fez menção no Evangelho, comparando a elevação da serpente de bronze à sua própria elevação na cruz (João 3,14). Ainda mais um pouco, Deus ordenou a Salomão que esculpisse imagens de dois leões, bois e querubins para serem colocados no templo (I Reis 7, 29; e II Crônicas 3 e 4).

Isso deixa claro, como, aliás, já referido anteriormente, que as imagens proibidas são justamente aquelas que representam deuses pagãos, ou seja, os deuses do Egito[14] e seus similares da cultura e religião greco-romana, os quais foram “despedidos de mãos vazias” e tiveram seus nomes exterminados[15] por Deus, pois eram usurpadores da glória que somente a Deus é devida.

Com efeito, não são “Amon-rá”, “Osiris” ou “Atum-rá”, ou, ainda, “Apolo”, “Hélio” ou “Júpiter” a luz do mundo, mas unicamente JESUS CRISTO, o Filho de Deus Altíssimo[16], que é o “Sol nascente que há de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz" (Lc 1,78).

“Pois em vós está a fonte da vida, e em vossa luz contemplamos a luz”[17].

Do mesmo modo, não é Anúbis que pesas os corações, mas, conforme Provérbios 21, 2, “cabe ao Senhor pesar  os corações.”

Mas caso você, querido (a) leitor (a), ainda não esteja convencido, gostaria de citar a título de confirmação um trecho muito importante da Carta de São Paulo aos Filipenses, ei-lo:

“Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a sim mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou poderosamente e lhe outorgou o nome que esta acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor.” (Carta aos Filipenses capítulo 2, versículos 5-11)

Note-se que a Palavra nos revela que devem submeter-se ao senhorio de Jesus todos os do Céu (não só cósmico, mas também o Céu concebido como o Paraíso), o que comprova que Jesus derrubou a cúpula da hierarquia mundial das principais religiões da antiguidade, mais precisamente o Sol do Egito (Amon-rá, Atum-rá e Osíris), o Sol da Grécia (Apolo) e o Sol de Roma (Hélio e Júpiter). Jesus também fez ruírem os ídolos do mundo, inclusive o poder bélico e econômico de Roma. Por fim, Jesus também exerceu e exerce seu senhorio sobre o que está abaixo da terra, submetendo o ídolo Anúbis e todos os demônios.

Importante observar, para a melhor compreensão, que no Antigo Testamento, principalmente no tempo de Moisés, o povo não tinha uma concepção adequada acerca da eternidade, ao passo que no tempo de São Paulo essa compreensão já era incomparavelmente melhor por conta da ação do Espírito Santo em Paulo.

De observar-se, ainda, que o escrito de São Paulo está em simetria e na mesma ordem o capítulo 20 do Livro do Êxodo, restando, assim, visível e claramente ajustada a conclusão de que as imagens que Deus proibiu no Antigo Testamento eram justamente as dos deuses do Egito, da mesopotâmia e demais povos primitivos.

Pelos mesmos motivos, não se aplicam aos ícones e imagens cristãos as expressões “têm boca, mas não falam; olhos e não podem ver; têm ouvidos, mas não ouvem...” (Salmo 115 Heb). Com efeito, as imagens católicas são representativas, e a veneração transcende a matéria, ou seja, eu direciono a oração para a imagem, mas é a pessoa representada (Maria Santíssima, São José, os santos) que recebe pessoal e diretamente a minha oração, servindo-se da matéria como canal da graça de Deus para socorrer o fiel que a invoca.

Importa, igualmente, observar que, no Antigo Testamento, não havia e não se podia representar qualquer imagem de Deus, pois sequer seu Santo Nome podia ser pronunciado.

Entretanto, sabemos que, em Cristo, Deus assume a forma humana, ou seja, encarna-se e se faz matéria. E mais, Cristo passa a ser o Templo de Deus (Vide 2 Samuel 7, 4-17[18]), razão pela qual cremos que, a partir de Cristo, a matéria se torna canal da graça de Deus.

Com efeito, no Antigo Testamento, Deus não podia ser visto, porém, depois de Cristo, passa a ter uma imagem, Jesus Cristo, a imagem do Deus invisível, conforme Colossenses 1,15, lembrando, ainda, das palavras de Jesus: “Aquele que me viu, viu também o Pai” (João 14, 9).

Também lembramos que a Tradição nos ensinou que Jesus deixou sua própria imagem impressa no tecido utilizado por Verônica para enxugar a sua face durante o trajeto de Jesus com a cruz às costas rumo ao Monte Calvário.

Do mesmo modo, é importante observar que a sola scriptura, por vezes, se mostra um princípio insuficiente e até um obstáculo à compreensão de certos assuntos, principalmente quando é tomada de modo extremado, desprezando o intérprete tudo o que não está contido expressamente na Sagrada Escritura. Além disso, as conclusões anteriormente esposadas têm por base pesquisas históricas, observando que toda ciência tem suas fontes auxiliares que permitem um conhecimento mais aprofundado e exato.

Com efeito, sabe-se que a Bíblia é suficiente para conter e expor a Revelação, mas não é exauriente, ou seja, não contém tudo, conforme o Evangelho de João expressamente atestou no capítulo 21, versículo 25. Desta forma, resumidamente, a Bíblia é suficiente, mas não é exauriente, a Bíblia contém o todo, mas não tudo.

Feitas essas observações, ratifico que nós tempos imagens, porque o próprio Senhor Jesus é uma imagem do Deus invisível e por que Ele mesmo quis deixar sua imagem em nós e para nós[19].

Isso tanto é verdade que o grande São João Maria Vianney percebeu clara e induvidosamente os efeitos maravilhosos das imagens sacras na piedade dos fiéis, conforme nos ensinou Monsenhor Francis Trochu:

“A fim de satisfazer a piedade pessoal, e porque tinha experimentado até que ponto as imagens impressionam e instruem as almas boas e simples, o Pe. Vianney multiplicou na sua igreja os quadros e as imagens. S. José e S. Pedro adornavam o santuário; S. Sisto, patrono da paróquia, e S. Brás, estavam colocados na entrada do coro. Havia ali duas imagens deitadas: Cristo no sepulcro e Santa Filomena. Colocados em nichos ou simplesmente fixados na parede, viam-se Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, uma Virgem com o menino Jesus, S. João Batista, S. Lourenço, S. Francisco de Assis, Santa Catarina de Sena, S. Bento Labre, o Arcanjo Rafael e o jovem Tobias. A sagrada Face e os instrumentos da Paixão viam-se em relevo na capela do Ecce Homo, onde sobressaía um grande Cristo coroado de espinhos. Tudo falava aos olhos os cristãos naquela pequenina igreja.

- Muitas vezes, costumava dizer o Pe. Vianney, basta a vista de uma imagem para nos comover e converter. Não raro as imagens nos abalam tão fortemente como as próprias coisas que nos representam.”[20]

 

MAS O QUE É, AFINAL, IDOLATRIA?

“...Porque sabeio bem: nenhum dissoluto[21], ou impuro[22], ou avarento[23] – verdadeiros idólatras! – terá herança no Reino de Cristo e de Deus...”[24]

Um conhecido historiador, falando sobre a idolatria, o bezerro de ouro e o caos dos povos, ensinou: “Tudo era deus, exceto Deus mesmo” (Bossuet).

Compreendida essa questão, precisamos definir de modo didático e acessível o que é “idolatria”, para, assim, deixar as pessoas tranquilas, confiantes e livres de qualquer inquietação, lembrando que tudo o que vem do Espírito Santo deixa a alma tranquila e em paz.

Lógico que não desconhecemos que “idolatria”, etimologicamente[25], deriva das expressões gregas “eidolon” e “latreia”, significando adoração aos ídolos. Antes, porém, observo que não é o objetivo desta pequena obra ser teológica, técnica, científica ou esquematizada em doutrinas e conceitos. O objetivo do autor é se fazer compreender por qualquer pessoa, seja qual for seu nível de escolaridade.

Portanto, convido você a exercitar a seguinte dinâmica para estabelecer o que é e o que não é “idolatria”.

Lembre que idolatria é algo que aponta para o mundo, ou seja, é essencialmente mundana, fazendo com que as pessoas esqueçam a Deus, violando o primeiro mandamento, e se ocupem exclusivamente com coisas do mundo, com divertimentos, distrações, passatempos, passeios ociosos, prazeres, satisfação de deleites carnais, egocentrismo, secreta preferência de si mesmo, trabalho excessivo e atentatório contra a própria saúde, ganância (culto a Mamom, ou seja, ao dinheiro) e todas as formas de vaidades[26].

Lembremos o conselho de São João evangelista[27]:

Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba de vida – não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente.” (grifos acrescidos)

Também ensinou São Paulo:

“...5Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria. 6Tais coisas provocam a ira de Deus contra os que lhe resistem. 7Antigamente vós estáveis enredados por estas coisas e vos deixastes dominar por elas. 8Agora, porém, abandonai tudo isso: ira, irritação, maldade, blasfêmia, palavras indecentes, que saem dos vossos lábios. 9Não mintais uns aos outros. Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir 10e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento. 11Aí não se faz distinção entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, inculto, selvagem, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos....”[28]

Além disso, merece especial destaque a mensagem recebida pela vidente Marija em Medjugorje[29], datada de 25 de janeiro de 2018[30], com o seguinte teor:

“...Filhinhos, procurem acima de tudo a Deus e as coisas de Deus e deixem para a Terra aquilo que é da Terra porque satanás os atrai para o pó e para o pecado. Vocês são convidados à santidade e foram criados para o Céu.”[31]

As devoções e a prática religiosa verdadeira, pelo contrário, abrem nossos olhos, livram-nos da cegueira espiritual e nos mostram o caminho para o Céu, nos fazendo relativizar tudo o que não contribui para a nossa salvação.

Não se deve esquecer que:

 “À luz material, cujo benefício o olho concede ou recusa ao corpo, conforme esteja são ou doente, compara-se a luz espiritual que irradia da alma: se ela mesma está obscurecida, a cegueira será bem pior do que a que resulta da cegueira física.” (Nota teológica da Bíblia de Jerusalém, em Mateus 6, 22, letra “a”, página 1714).

Entre as idolatrias modernas, além do que mencionei até aqui, também temos o trabalho excessivo[32] com o objetivo de ter tudo o que foi mencionado no parágrafo anterior, a corrupção e todos os pecados referentes à obtenção ilícita de dinheiro, o apego às vaidades, o culto do corpo e das aparências, as ilusões, o apego às próprias convicções em detrimento da verdade, além do vaidoso egocentrismo.

Quantos que arruínam a própria saúde e a própria vida motivados por ganância e vaidades!

Insisto, idolatria é tudo que aponta para o mundo e que nós colocamos no lugar de Deus, muitas vezes sufocando a verdade ou, como se diz popularmente, “tapando o sol com a peneira”.

Ensinou-nos Santa Faustina: “Oh! Como tudo atrai o homem para a terra! Mas é a fé viva que mantém a alma em esferas mais elevadas, e designa para o amor próprio o lugar que lhe convém, isto é, o último.”[33]

Uma pessoa que passa duas horas na frente de um televisor assistindo um filme, novela ou jogo de futebol e não tem tempo para rezar um terço ou para ir à Missa é um idólatra, pois dedica seu tempo unicamente a coisas que não levam à salvação e não remetem a Deus.

Com efeito, quem se entrega às distrações do mundo desperdiça precioso tempo destinado à nossa salvação e à obtenção de méritos para a eternidade.

E tempo perdido é tempo perdido, não pode ser recuperado!

São Pio de Pietrelcina assim nos advertiu: “Ah! Se você chegasse a entender o valor do tempo!...” Ou, como diziam os sábios e santos: Memento Creatoris tui, antequam tenebrescat sol et lumen (Lembremos de Deus e entremos em sua graça, antes que se nos apague a luz, conforme Eclesiástico 12, 1-2).

São Bernardo comovia-se, dizendo: Nihil pretiosius tempore, sed nihil vilius aestimatur. Transeunt dies salutis (Passam os dias oportunos para adquirir a salvação eterna e ninguém reflete que os dias que passam lhe são descontados para nunca mais voltarem)[34].

E ainda:

“Desdenhado tempo! Tu serás o que os mundanos desejarão mais na hora da morte. Desejarão então mais um ano, mais um mês, mais um dia, mas não o terão, e ouvirão dizer: Tempus non erit amplius (1) – ‘Não haverá mais tempo. Quanto não daria então cada um deles para ter mais uma semana, um dia, afim de melhor ajustar as contas da consciência? Ainda que não fosse senão para obter uma só hora, diz São Lourenço Justiniano, ele daria todos os seus bens: Erogaret opes, honores, delicias pro uma horula. Mas essa hora não lhe será dada.[35]

E Tomás de Kempis, na obra Imitação de Cristo:

“Ainda que soubesses de cor toda a Bíblia e os ditos de todos os filósofos, que te aproveitaria tudo isto sem o amor e a graça de Deus? Vaidade das Vaidades, tudo vaidade, exceto amar a Deus e só a Ele servir. (Eclesiastes 1,2). A suma sabedoria é, pelo desprezo do mundo, caminhar para o reino dos céus. 4. É vaidade, pois, buscar riquezas perecedouras, e pôr nelas a esperança. Vaidade é também desejar honras e desvanecer-se com elas. Vaidade é seguir os apetites da carne e desejar aquilo por onde depois hás e ser gravemente castigado. Vaidade é desejar vida longa, sem cuidar de que seja boa. Vaidade é também olhar somente a esta presente vida e não prever o que virá depois. Vaidade é amar o que tão depressa passa e não buscar com fervor a felicidade que sempre dura. 5 Lembra-te amiúde daquele provérbio: ‘A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se sacia e ouvir’ (Ecl. 1,8). Procura, pois, desapegar teu coração das coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis, porque os que seguem os atrativos dos sentidos mancham as suas consciências e perdem a graça de Deus. [...] Muitas coisas há cujo conhecimento pouco ou nada aproveita à alma, e muito insensato é quem se aplica exageradamente às coisas que não conduzem à salvação. [...] O espírito puro, singelo e constante não se distrai, ainda que se ocupe em muitas coisas; porque tudo faz para honra de Deus e em nada procura o próprio interesse.”[36]  

A título de confirmação:

“...Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita e Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória. Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria...”[37]

Quem trabalha demais para ter um padrão de vida “invejável” e não tem tempo para Deus é um idólatra, pois bem sabe que não levará nada de seus esforços após sua morte.

Tudo o que colocamos no lugar de Deus ou que nos mantém distraídos durante o tempo que temos para buscá-Lo é idolatria, com clara e evidente violação do primeiro mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas”.

Lógico que precisamos trabalhar, descansar e ter momentos de lazer, mas isso não pode nos consumir a ponto de não sobrar tempo algum para Deus, pois sempre temos ou achamos tempo para aquilo que amamos.

É uma questão de prioridades que exige uma ponderação equilibrada, até por que há formas de estar unido a Deus mesmo em meio às ocupações habituais, o que significa dizer que o trabalho produtivo não é empecilho à união com Deus, mas o trabalho feito com excessos motivados pela ganância e pela ilusão incontida de ter sempre mais e ostentar um padrão de vida opulento que configura idolatria, pois a pessoa se distrai, perde o foco do Céu e desperdiça tempo precioso esquecendo-se de Deus.

Como todos sabemos, as coisas do mundo ficam não mundo, ao passo que o que é Deus está em Deus. Quem não ajunta bens espirituais em Cristo, ocupando-se unicamente em acumular bens materiais, na verdade espalha e perde tais bens, ou, como bem adverte a Palavra: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu (...). Porque onde está o teu tesouro, lá também está o teu coração” (Mateus 6, 19-20) e “Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha” (Mateus 12, 30).  

O equilíbrio na administração dos bens vem com a consciência e a sobriedade, pois o Senhor bem sabe que precisamos dos bens materiais, porém exige que priorizemos o Reino, prometendo que “todas essas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mateus 6, 33).

No mais, observo que o diabo é um mestre em ludibriar e distrair! Um astuto estrategista do ócio e das ocupações inúteis!

Em tempo, gostaria de abrir um parênteses para citar mais um trecho da obra de Santa Faustina Kowalska:

“1127. Em determinado momento, vi Satanás, que se apressava e procurava alguém entre a irmãs, mas não encontrava. Senti na alma a inspiração de lhe ordenar, em nome de Deus, que me confessasse o que estava procurando entre as irmãs. E confessou, embora de má vontade: ‘Estou procurando almas ociosas’. Então, novamente ordenei, em nome de Deus, que me dissesse a que almas tem mais fácil acesso no convento – e, outra vez confessou-me, de má vontade: ‘As almas preguiçosas e ociosas.’ Notei então que, de fato, não há tal gênero de almas nesta casa. Alegrem-se as almas atarefadas e cansadas.”

Abro um parêntese aqui para transcrever um dos tantos sonhos de Dom Bosco, cujo título é “A Lanterna Mágica”:

“Sonhei e me parecia encontrar-me na Igreja. Estava a Igreja cheia de jovens. Mas poucos se aproximavam para comungar. Havia junto do comungatório um homem comprido comprido, negro negro, e aparecia dois chifres pela cabeça. Levava na mão uma lanterna mágica [e] com ela ele fazia com que cada jovem visse uma coisa.

A um lhe mostrava o pátio cheio de jogos e lhe interessava por sua diversão favorita; a outro lhe apresentava os jogos passados, as partidas perdidas e a esperança dos triunfos futuros; a este, seu povo natal com aquelas excursões, aqueles campos, aquela casa; a esse mostrava com sua lanterna o estudo, os livros, os trabalhos de prova; a aquele a fruta, os doces e o vinho que guardava no baú; a outro, os presentes, os amigos ou algo pior, os pecados e até o dinheiro não devolvido.

Assim que [eram] poucos se aproximavam da comunhão. Alguns viam as excursões e as vocações e, deixando tudo de lado, se detinham a contemplar os antigos companheiros de diversão.

Sabeis o que quer dizer este sonho?

Quer dizer que o demônio faz todo o possível para distrair os jovens na Igreja e afastá-los dos Santos Sacramentos. E os jovens são tão bobos que ficam olhando.

Amigos meus, tereis que romper com esta janela do diabo. Sabeis como?

Dando uma olhada na Cruz e pensando que deixar a Comunhão é o mesmo que colocar-se nos braços do demônio.”[38]

Retomando, observo que o diabo é o “pai da mentira” e esmera-se e se esforça para fazer com que as pessoas percam o foco no Céu e desperdicem seu precioso tempo na terra realizando coisas que as absorvem por completo e que em nada contribuem para o melhoramento da pessoa e sua salvação.

Cuidado, tempo perdido é tempo perdido! O passado já passou e o futuro talvez não chegue, nosso é apenas o momento presente. É este o momento favorável. É este o tempo da salvação. Nosso momento é agora!

Com efeito, as distrações nos prendem ao mundo, nos fazem perder tempo precioso e nos fazem esquecer o Céu, enfim, nos entorpecem e nos adormecem. A graça, no entanto, nos sacode: “Desperta tu que dormes” (Efésios 5, 15), “Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação” (2ª Coríntios 6, 2), acrescentando a Palavra de Deus que: “no tempo da graça eu te atenderei, no dia da salvação eu te socorrerei” (Isaías 49, 8), recomendando-se, ainda: “Buscai ao Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto” (Isaías 55, 6).

Note-se que, não por acaso, as pessoas que mais ganham dinheiro no mundo são justamente as pessoas que “vendem” distrações, enfim, tudo o que nos faz perder tempo com coisas que não levam à salvação e nos fazem esquecer a Deus, único, eterno e imutável bem.

Isso tudo que nos ocupa e nos faz esquecer Deus é idolatria!

Tudo o que aponta para baixo, para a terra, é idolatria!

A fé verdadeira e a graça de Deus dispensada por Maria Santíssima, pelo contrário, aponta para o Céu e nos faz trocar as coisas do mundo pelo Reino dos Céus, nos faz aproveitar bem o tempo para cooperar com nossa salvação e obter méritos para a eternidade, além de ajudar as outras pessoas a seguirem o mesmo caminho.

Assim exortou o Apóstolo: “Vigiai, pois, com cuidado sobre a vossa conduta: que ela não seja conduta de insensatos, mas de sábios que aproveitam ciosamente o tempo, pois os dias são maus” (Efésios 5, 15-16). Assim já havia ensinado o Senhor: "Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor” (Mateus 24, 42).

As devoções estimuladas pela Igreja têm justamente o objetivo de nos centrar na fé verdadeira e nos direcionar para o Céu, nos encorajando a colocar em prática os ensinamentos de Jesus e viver sempre na sua companhia, aproveitando o precioso tempo que temos.

O calendário litúrgico nos permite aproveitar bem o tempo durante o ano todo.

Feitas estas observações, pergunto a você: A devoção à Santíssima Virgem Maria nos fixa no mundo ou nos remete e nos faz lembrar o Céu?

Lembrem-se do que falou Nossa Mãe Maria Santíssima nas Bodas de Caná, quando disse: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2, 1-12).

É lógico que Maria nos remete ao Céu! Maria nos encaminha para o Céu!

Maria nos desperta da cegueira e nos mantém acordados durante nossa peregrinação na terra.

Maria, a Mãe da Divina Misericórdia, é encarregada de obter a salvação dos pecadores mais empedernidos, dos mais teimosos e das almas mais imersas e afundadas no lamaçal do pecado.

Maria é última tábua de salvação das almas em estado de pecado mortal ou grave, e a devoção à Santíssima Senhora está representada na imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, como a tira da sandalinha do Menino Jesus (vide imagem na capa do livro), pois as almas em pecado mortal estão por um fio, somente a elas restando, como último remédio, o apego à Santíssima Virgem.

Por isso é um erro gravíssimo e trágico afastar as pessoas, principalmente os maiores e incorrigíveis pecadores, da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, pois isso equivale a roubar e a negar dos pecadores sua última esperança.

Importante, ainda, observar que, mesmo quando nos socorre em relação a necessidades unicamente temporais, como é o caso de desemprego, problemas de saúde ou outras situações aflitivas, Maria sempre tem em vista o Céu e, além da graça que socorre a situação momentânea, assinala seus filhos e os chama ao convívio de Jesus Cristo, convívio do qual Maria desfruta desde sempre, juntamente com o Patriarca São José. Lembre que uma mãe quando leva um filho à escola ou quanto o repreende e castiga, faz isso para o bem do filho e para que a criança tenha um bom futuro e uma boa formação, mas sempre a leva para casa depois das aulas, sempre mantém o filho perto de si na segurança e no aconchego do ambiente familiar.

Lembre que Maria é fidelíssima esposa do Espírito Santo e, assim como as obras do Paráclito são sempre completas, observamos que quando a Mãe do Senhor nos ajuda em questões temporais, também nos encaminha nas questões espirituais de modo que, quando ajuda uma pessoa a obter um bom emprego, Maria também deixa nesta mesma pessoa marcas tão profundas que ela vai, por conta da graça de Deus dispensada por Maria, se for fiel a esta mesma graça, acabar encontrando Jesus e sendo salva por Ele.

Então:

A devoção à Santíssima Virgem não é idolatria!...

A devoção a São José não é idolatria!...

As devoções legitimamente autorizadas pela Igreja não são idolatria!...

Mas, por outro lado, observamos que a preocupação exagerada com a forma do corpo, com a ostentação de uma vida rica, o apego exagerado às coisas, às pessoas, ao dinheiro, ao futebol, aos prazeres, às vaidades etc. nos prendem ao mundo e nos fazem perder tempo com coisas mundanas, sendo, justamente por isso, a verdadeira idolatria dos tempos modernos, largamente praticado pelos “inimigos da cruz de Cristo”(Filipenses 3, 18).

Há também a idolatria do “eu”, das personalidades, das doutrinas, das opiniões, da vontade própria, do desejo de colocar-se no “centro” e de ser e saber mais que os outros.

Tudo o que tira o foco de Deus e nos prende ao mundo, às pessoas ou a nós mesmos é idolatria!

Por fim, lembremos que tudo o que fazemos em Maria e por Maria, fazemos em Cristo e por Cristo, pois Maria, como demonstrado noutro momento, encaminha tudo para Cristo. Tudo o que consagramos a Maria, Ela consagra a Cristo; tudo o que pedimos a Maria, Ela pede por nós a Cristo; tudo em Maria remete a Cristo, sendo insensatez e irresponsabilidade pensar o contrário.

 

 “Lembra-lhes estas coisas e conjura-os, por Deus, a evitarem discussões de palavras, que só servem para a perdição dos ouvintes. Empenha-te a te apresentares diante de Deus como homem digno de aprovação, operário que não tem de que se envergonhar, íntegro distribuidor da palavra da verdade. Procura esquivar-se das conversas frívolas dos mundados, que só contribuem para a impiedade...” (II Timóteo 2, 15-16)



[1] Êxoto 12, 11.

[2] Êxodo, 20 - Bíblia Católica Online

[3] A referência aos israelitas como “hebreus” tem a conotação de “refugiados”.

[4] SERRANO, Jonathas. Epítome de História Universal. Livraria Francisco Alves. 24ª edição. 1954. Página 41.

[5] Aqui convém explicar que o nome originário da divindade cultuada era “Rá”. Porém a dinâmica sincretista também apresenta as expressões “Amon-Rá”, que significa “culto ao deus sol”, e “Atum-Rá”, que era o nome recebido na cidade de Lunus, Norte do Egito, local chamado pelos gregos de Heliópolis (cidade do sol).

[6] A título de confirmação sobre o culto que os egípcios faziam dos astros (sol, lua, estrelas, etc), digno de nota são os versículos 42 e 43 do Livro dos Atos dos Apóstolos, em que está escrito: “Mas Deus afastou-se e os abandonou ao culto dos astros do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura, casa de Israel, vós me oferecestes vítimas e sacrifícios por quarenta anos no deserto? Aceitastes a tenda de Moloc e a estrela do vosso deus Renfão, figuras que vós fizestes para adorá-las! Assim e vos deportarei para além da Babilônia (Am 5,25).” (grifou-se)

[7] “...11 1 Os apóstolos e os irmãos da Judéia ouviram dizer que também os pagãos haviam recebido a palavra de Deus. 2 E, quando Pedro subiu a Jerusalém, os fiéis que eram da circuncisão repreenderam-no: 3 ‘Por que entraste em casa de incircuncisos e comeste com eles?’ 4 Mas Pedro fez-lhes uma exposição de tudo o que acontecera, dizendo: 5 ‘Eu estava orando na cidade de Jope e, arrebatado em espírito, tive uma visão: uma coisa, à maneira duma grande toalha, presa pelas quatro pontas, descia do céu até perto de mim. 6 Olhei-a atentamente e distingui claramente quadrúpedes terrestres [referência a animais objeto de adoração, como é o caso do bezerro de ouro], feras [alguns reinos eram comparados a feras ou bestas nas visões do Profeta Daniel], répteis [crocodilo adorado pelos egípcios] e aves do céu [referência religiões politeístas, seres antropozoomórficos cultuados pelos egípcios, e às legiões de Roma]. 7 Ouvi também uma voz que me dizia: ‘Levanta-te, Pedro! Mata e come’. 8 Eu, porém, disse: De nenhum modo, Senhor, pois nunca entrou em minha boca coisa profana ou impura. 9 Outra vez falou a voz do céu: ‘O que Deus purificou não chames tu de impuro’. 10 Isto aconteceu três vezes e tudo tornou a ser levado ao céu.” Nota do autor: importante observar que a visão representa os povos de todo o mundo, a humanidade toda, libertada da escravidão das falsas religiões, das crendices, das superstições, do domínio intelectual e toda forma de opressão religiosa pela PREGAÇÃO DO SANTO EVANGELHO! O sopro da boca de Cristo, Palavra Viva, aniquila os demônios das falsas religiões. Portanto, queres ser libertador do povo? Anuncie o Evangelho! Anuncie Jesus Ressuscitado!

[8] Vide Salmo 73 (Heb 74), 13-15. “Vosso poder abriu o mar, esmagastes nas águas as cabeças de dragões. Quebrastes as cabeças do Leviatã, e a destes como pasto aos monstros do mar.”

[9] “Eu vejo, mas não e para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira.” (Números 24, 17).

[10] Povo eleito é Israel. A Igreja é o novo Israel, o povo na nova e eterna aliança.

[11] A título de confirmação, lei-se: “São confundidos os que adoram estátuas e se gloriam em seus ídolos; pois os deuses se prostram diante do Senhor” (Salmo, 96 – Heb 97 -, 7; deve ser lido com Filipenses 2,10).

[12] Versículos 4.

[13] Na Bíblia de Jerusalém a palavra “nome” aparece no plural, conforme se lê adiante: "Sus ídolos abundan, tras ellos van corriendo. Mas yo jamás derramaré sus libámenes de sangre, jamás tomaré sus nombres en mis labios."

   

[14] Vide Êxodo 12, 12: “Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor.” (grifo acrescido)

[15] Vide Zacarias 13,2

[16] O sol que nasce do alto nos visitará, para dirigir nossos passos no caminho da paz (Lc 1,78.79).

[17] Salmo 35 (36), 10. “O sol que nasce do alto nos visitará, para dirigir nossos passos no caminho da paz (Lc 1,78.79).” (Liturgia das Horas)

[18] Naqueles dias, a palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: “Vai dizer ao meu servo Davi: ‘Assim fala o Senhor: Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar? Pois eu nunca morei numa casa, desde que tirei do Egito os filhos de Israel até o dia de hoje, mas tenho vagueado em tendas e abrigos. Por todos os lugares onde andei com os filhos de Israel, disse, porventura, a algum dos chefes de Israel, que encarreguei de apascentar o meu povo: Por que não me edificastes uma casa de cedro?’ Dirás, pois, agora ao meu servo Davi: ‘Assim fala o Senhor todo-poderoso: Fui eu que te tirei do pastoreio, do meio das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel. Estive contigo em toda parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos os teus inimigos, fazendo o teu nome tão célebre como o dos homens mais famosos da terra. 10 Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado. Os homens violentos não tornarão a oprimi-lo como outrora, 11 no tempo em que eu estabelecia juízes sobre o meu povo, Israel. Concedo-te uma vida tranquila, livrando-te de todos os teus inimigos. E o Senhor te anuncia que te fará uma casa. 12 Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então suscitarei, depois de ti, um filho teu e confirmarei a sua realeza. 13 Será ele que construirá uma casa para o meu nome, e eu firmarei para sempre o seu trono real. 14 Eu serei para ele um pai, e ele será para mim um filho. Se ele proceder mal, eu o castigarei com vara de homens e com golpes dos filhos dos homens. 15 Mas não retirarei dele a minha graça, como a retirei de Saul, a quem expulsei da minha presença. 16 Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre’”. 17 Natã comunicou a Davi todas essas palavras e toda essa revelação. – Palavra do Senhor.”

[19] O Papa São Gregório Magno(† 604), doutor da Igreja, escreveu a Sereno, bispo de Marselha, que ordenou quebrar as imagens: “Tu não devias quebrar o que foi colocado nas Igrejas não para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado. Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os ignorantes; mediante essas imagens aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler” (epist. XI 13 PL 77, 1128c).

O Concílio de Nicéia II (787), com base nos sólidos argumentos de grandes teólogos como São João Damasceno, doutor da Igreja, reafirmou a validade do culto de veneração (não adoração) das imagens. O Concílio distinguiu entre Iatréia (em grego adoração), devida somente a Deus, e proskynesis (veneração), tributável aos santos e também às imagens sagradas na medida em que estas representam os santos ou o próprio Senhor; o culto às imagens é, portanto, relativo, só se explica na medida em que é tributado indiretamente àqueles que as imagens representam. Assim se pronunciaram os padres conciliares: “Definimos… que, como as representações da Cruz…, assim também as veneráveis e santas imagens, em pintura, em mosaico ou de qualquer outra matéria adequada, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus (sobre os santos utensílios e os paramentos, sobre as paredes e de quadros), nas casas e nas entradas. O mesmo se faça com a imagem de Deus Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, com as da… santa Mãe de Deus, com as dos santos Anjos e as de todos os santos e justos. Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a recordar-se dos modelos originais, a se voltar para eles, e lhes testemunhar… uma veneração respeitosa, sem que isto seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus” (sessão 7, 13 de outubro de 787; Denzinger-Schönmetzer, Enchridion Symbolorum nº 600s). In https://cleofas.com.br/as-imagens-na-tradicao-da-igreja-2/

 

[20] TROCHU, Francis. O Santo Cura D’Ars. Editora Biblioteca Católica. 2018. Página 156.

[21] Sentido de devasso, cínico e corrupto.

[22] Que se deixou corromper.

[23] Obcecado por dinheiro.

[24] Efésios 5, 5.

[25] A etimologia é a ciência que estuda a origem das palavras.

[26] Os “fabricantes de ídolos” (Isaías 45, 15-25) são os que vendem distrações às pessoas, desviando-as do caminho da verdade e cegando-as durante o tempo que deveriam buscar a salvação.

[27] 1ª Epístola de São João 2, 15.

[28] Colossenes 3, 5

[29] Obviamente que o autor não desconhece que a Igreja ainda não aprovou Medjugorje (ou que há muitos questionamentos nesse aspecto), bem como não ignora a existência de opiniões desfavoráveis. Entretanto, lembrando o Apóstolo dos Gentios, peço, guardai o que é bom, observando que o saudoso Padre Gabriele Amorth, durante muito tempo exorcista de Roma, acreditava nos videntes dizendo: “e como são verdadeiros.”

[30] http://www.medjugorje.com.br/vidente-marija-nossa-senhora-nao-se-cansa-de-nos-chamar-santidade/

[31] Logicamente que sabemos que a Igreja não aprovou ainda as chamadas aparições de Medjgorje. Por esta razão, procede-se com cautela e se recomenda cautela, aconselhando-se, conforme o apóstolo, “guardai o que é bom”.

[32] “Workaholic. Que ou quem é viciado em trabalho; trabalhador compulsivo.

[33] Diário de Santa Faustina. A Misericórdia Divina em Minha Alma. Parágrafo 210.

[34] Tradução literal: “Nada é mais precioso que o tempo. Nada é tão desprezado [como o tempo]. Com o tempo passa a saúde.”

[35] https://rumoasantidade.com.br/espiritualidade/desprezo-tempo-hora-morte/?fbclid=IwAR3lFt5GdfeV6yYDKi54C_p4VIEW7FQ9a6uhZZVNxasi4a9Uo70ZUuQsKfk

[36] Imitação de Cristo, Livro I, capítulo I, itens 3, 4 e 5.

[37] Colossenses 3, 1-5.

[38] N. 38 (MB 8,115-116 = MBe 8, 110)

Diácono Permanente Marcos Suzin - Diocese de Vacaria-RS.

https://www.google.com.br/books/edition/Por_Que_Sou_Devoto_De_Maria/oMuEEAAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=1&printsec=frontcover


Vitória pelo Poder do Sangue de Jesus! Oração!

O Sangue de Jesus Cristo tem poder no céu, na terra e nos infernos O Sangue de Jesus tem poder. Realmente, não imaginamos todo o p...