quinta-feira, 25 de outubro de 2018

FREI GALVÃO - O Primeiro Santo Nascido no Brasil. Parte I - O Reconhecimento Oficial do Vaticano.



Palavras do Papa Bento XVI quando da Canonização de Frei Galvão


Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e o crescimento da vida cristã, pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e nossa, depois de ter refletido longamente, invocado o auxílio divino por muitas vezes e ouvido o parecer de muitos de nossos irmãos no Episcopado, declaramos e definimos como Santo o beato Antônio de Sant’Anna Galvão, e o inscrevemos na Lista dos Santos, e estabelecemos que, em toda a Igreja, ele seja devotadamente honrado entre os Santos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Frei Galvão foi inscrito na glória dos Santos como SANTO ANTÔNIO DE SANT’ANNA GALVÃO.

INTRODUÇÃO

“Derrubou os Poderosos de seus Tronos e Exaltou os Humildes”

“Sempre teve sua alma nas mãos”, é a curta frase inscrita, em latim, na pedra tumular de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, na Igreja do Mosteiro da Luz, atestando seu altíssimo grau de virtude cardeal da temperança em grau heróico, o que só é possível com uma profunda humildade.

Quantas vezes, à nossa volta, se constata a ânsia de domínio sobre o semelhante, seja pela força, seja pela astúcia,através do dinheiro ou do poder, ou ainda pela busca do prestígio social, em decorrência de um exagerado conceito de excelência das próprias qualidades. E quanto mais a pessoa procura sobrepujar os outros, mais ela é dominada pela paixão da soberba, do orgulho. Aquilo que procura é o que lhe é tirado, pois querendo dominar, se torna escrava de suas próprias paixões desordenadas. E o controle da alma lhe escapa das mãos, ou seja o governo da sensibilidade pela vontade, retamente dirigida pela inteligência. E fica incapaz de se elevar com facilidade até Deus.

Santo Antônio Galvão brilhou sempre por uma heróica humildade, virtude que consiste em coibir o apetite desordenado da própria excelência, dando o justo da própria pequenez e miséria principalmente em relação a Deus. E por isso, Deus lhe deu o privilégio de dominar certas leis da natureza, por meio do dom de milagres: “Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes” (Lc 1, 52). Ou seja, abateu os orgulhosos e elevou os humildes.

Como na terra Santo Antônio Galvão foi um humilde filho de São Francisco, é agora no Céu honrado por toda a Igreja, pois “sempre teve a alma nas mãos”.



Acima vê-se a lápide da sepultura de Frei Galvão

FREI GALVÃO - O Primeiro Santo Nascido no Brasil II. Biografia e Dados Históricos.

 
Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, OFM, mais conhecido como Frei Galvão (Guaratinguetá, 1739 — São Paulo, 23 de dezembro de 1822) foi um frade católico e primeiro santo nascido no Brasil. Foi canonizado pelo Papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil (São Paulo) em 11 de maio de 2007.

Biografia

O pai, Antônio Galvão de França, nascido em Portugal, era o capitão-mor da vila. Sua mãe, Isabel Leite de Barros, era filha de fazendeiros, neta de Luzia Leme, irmã de Pedro Dias Paes Leme e tia de Fernão Dias Paes Leme, o Caçador de Esmeraldas.

Antônio viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestígio social e influência política. O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, mandou o filho com a idade de treze anos para o Colégio de Belém, dos padres jesuítas, na Bahia, onde já se encontrava seu irmão José.

Lá fez grandes progressos nos estudos e na prática cristã, de 1752 a 1756. Queria tornar-se jesuíta, mas por causa da perseguição movida contra a Ordem pelo Marquês de Pombal, seu pai o aconselhou a entrar para os franciscanos, que tinham um convento em Taubaté, não muito longe de Guaratinguetá. Assim, renunciou a um futuro promissor e influente na sociedade de então, e aos 16 anos, entrou para o noviciado na Vila de Macacu, no Rio de Janeiro.



Estátua do frade em sua cidade natal, Guaratinguetá.

A 16 de abril de 1761 fez seus votos solenes, na Ordem dos Frades Menores, dentro do território da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Um ano após foi admitido à ordenação sacerdotal, pois julgaram seus estudos suficientes.

Ordenação

Ordenado padre na Igreja de Santo Antônio do Largo da Carioca (Rio de Janeiro), no dia 11 de julho de 1762. Morou pouco tempo no Largo da Carioca, foi completar os estudos em São Paulo, onde viveu praticamente a vida inteira. Esteve no Rio de Janeiro por mais 3 vezes para participar de Capítulos da Ordem. O caminho de ida e volta era feito a pé. Costumava também percorrer os caminhos do Vale do Paraíba, Vale do Tietê, e vilas litorâneas também a pé.

Foi então mandado para o Convento de São Francisco em São Paulo a fim de aperfeiçoar os seus estudos de filosofia e teologia, e exercitar-se no apostolado. Data dessa época a sua "entrega a Maria", como seu "filho e escravo perpétuo", consagração mariana assinada com seu próprio sangue a 9 de março de 1766.

Terminados os estudos foi nomeado Pregador, Confessor dos Leigos e Porteiro do Convento, cargo este considerado de muita importância, pela comunicação com as pessoas e o grande apostolado. Resultante. Em 1769-70 foi designado confessor de um recolhimento de piedosas mulheres, as "Recolhidas de Santa Teresa", em São Paulo.

Fundação de Novo Recolhimento

Neste recolhimento encontrou Irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo recolhimento. Frei Galvão, ouvindo também o parecer de outras pessoas, considerou válidas essas visões. No dia 2 de fevereiro de 1774 foi oficialmente fundado o novo recolhimento e Frei Galvão era o seu fundador.

Em 23 de fevereiro de 1775, um ano após a fundação, Madre Helena morreu repentinamente. Frei Galvão tornou-se o único sustentáculo das Recolhidas. Enquanto isso, o novo capitão-general da capitania de São Paulo retirou a permissão e ordenou o fechamento do Recolhimento. Fazia isso para opor-se ao seu predecessor, que havia promovido a fundação. Frei Galvão foi obrigado a aceitar e também as recolhidas obedeceram, mas não deixaram a casa e resistiram. Depois de um mês, graças a pressão do povo e do Bispo, o recolhimento foi aberto.

Devido ao grande número de vocações, viu-se obrigado a aumentar o recolhimento. Durante catorze anos cuidou dessa nova construção (1774-1788) e outros catorze para a construção da igreja (1788-1802), inaugurada aos 15 de agosto de 1802. Frei Galvão foi arquiteto, mestre de obras e até mesmo pedreiro. A obra, hoje o Mosteiro da Luz, foi declarada "Patrimônio Cultural da Humanidade" pela UNESCO.

Frei Galvão, além da construção e dos encargos especiais dentro e fora da Ordem Franciscana, deu toda a atenção e o melhor de suas forças à formação das Recolhidas. Era para elas verdadeiro pai e mestre. Para elas escreveu um estatuto, excelente guia de disciplina religiosa. Esse é o principal escrito de Frei Galvão, e que melhor manifesta a sua personalidade.

Em várias ocasiões as exigências da sua Ordem Religiosa pediam que se mudasse para outro lugar para realizar outras funções, mas tanto o povo e as Recolhidas, como o bispo, e mesmo a Câmara Municipal de São Paulo intervieram para que ele não saísse da cidade. Diz uma carta do "Senado da Câmara de São Paulo" ao Provincial (superior) de Frei Galvão: "Este homem tão necessário às religiosas da Luz, é preciosíssimo a toda esta Cidade e Vilas da Capitania de São Paulo, é homem religiosíssimo e de prudente conselho; todos acorrem a pedir-lho; é homem da paz e da caridade".

Frei Galvão viajava constantemente pela capitania de São Paulo, pregando e atendendo as pessoas. Fazia todos esses trajetos sempre a pé, não usava cavalos nem a liteira levada por escravos. Vilas distantes sessenta quilômetros ou mais, municípios do litoral, ou mesmo viajando para o Rio de Janeiro, enfim, não havia obstáculos para o seu zelo apostólico. Por onde passava as multidões acorriam. Ele era alto e forte, de trato muito amável, recebendo a todos com grande caridade.

Fenômenos místicos e canonização

Frei Galvão era homem de muita e intensa oração, e dele se atestam certos fenômenos místicos, como os êxtases e a levitação. São famosos em sua vida os casos de bilocação: estando em determinado lugar, aparecia de repente em outro, para atender a um doente ou moribundo que precisava da sua atenção.

Era também procurado para a cura, em tempos em que não havia recursos e ciência médica como hoje. Numa dessas ocasiões, escreveu num pedaço de papel uma frase em latim do Ofício de Nossa Senhora: Post partum Virgo Inviolata permansisti: Dei Genitrix intercede pro nobis, que poderia ser traduzida assim: "Depois do parto, Ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós!". Enrolou o papel em forma de pílula e deu a um jovem que estava quase morrendo por fortes cólicas renais. Imediatamente cessaram as dores e ele expeliu um grande cálculo. Logo veio um senhor pedindo orações e um 'remédio' para a mulher que estava sofrendo em trabalho de parto. Frei Galvão fez novamente uma pilulazinha, e a criança nasceu rapidamente. A partir daí teve que ensinar as irmãs do recolhimento a confeccionar as pílulas e dar às pessoas necessitadas, o que elas fazem até hoje.

Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, Dom Mateus de Abreu Pereira, Frei Galvão fundou o Recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, onde permaneceu por onze meses para encaminhar a nova fundação e comunidade. Posteriormente, após a sua morte, outros mosteiros foram fundados por essas duas comunidades, seguindo assim, a orientação deixada pelo beato.

Faleceu em 23 de dezembro de 1822 e a pedido do povo e das irmãs foi sepultado na Igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra. Seu túmulo sempre foi lugar de contínuas peregrinações.

Em 25 de outubro de 1998, foi beatificado pelo papa João Paulo II, tornando-se o primeiro beato brasileiro.

O papa Bento XVI reconheceu em 16 de dezembro de 2006 o segundo milagre do frade franciscano Antônio de Sant'Ana Galvão (1739-1822). Com isso, ele é o primeiro brasileiro nato a ser declarado santo pelo Vaticano. A canonização aconteceu em 11 de maio de 2007 durante missa campal que o papa Bento XVI celebrou em São Paulo em 11 de maio durante sua visita ao Brasil.

A missa foi realizada no Campo de Marte, com a presença de milhares de fiéis vindos de todas as parte do mundo e com transmissão ao vivo para todo o país.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Frei_Galv%C3%A3o

FREI GALVÃO - O DIA DO PRIMEIRO SANTO BRASILEIRO NATO.

Frei Galvão: Brasil celebra festa de seu 1º santo

Passados mais de três anos desde então, a cidade de Guaratinguetá (SP) celebrou de modo especial a festa litúrgica do santo, neste 25 de outubro. O Município do interior paulista é terra natal do religioso franciscano que desenvolveu seu apostolado no século 18.

Às 7h30min, houve concentração na Igreja de Frei Galvão e, em seguida, procissão até o Recinto de Exposições da cidade. Ali, foi celebrada a Missa solene da festa, às 10h, presidida pelo Arcebispo emérito de Belo Horizonte (MG), Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo. O prelado destacou que a chave para uma vida feliz e fecunda é estar de bem com Deus, consigo mesmo e com o próximo.

Entre os dias 16 e 25, foi celebrada uma novena às 14h30 e, logo após, a Santa Missa às 15h na igreja dedicada ao santo. O tema central da novena foi "Os sacramentos na vida de Santo Antônio de Sant'Anna Galvão". Em cada dia, um padre da Arquidiocese de Aparecida - à qual pertence a cidade - participou da celebração.

"Em cada dia, meditamos sobre um Sacramento diferente e sacramentais, bem como destacamos a devoção de Frei Galvão a Virgem Maria", explica o pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, à qual pertence o futuro santuário do santo brasileiro.

Ele também destaca que a vinda de peregrinos de todos os cantos do país comove a própria comunidade paroquial. "Isso ajuda a fortalecer a fé e empenho dos próprios paroquianos, vendo as pessoas que vêm para cá e se ajoelham, choram, agradecem", afirma.

A definição do tema da novena do próximo ano começa a ser delineada a partir de janeiro, quando recomeça a novena de nove meses, que se conclui em setembro.

Na cerimônia com a Beatificação - em 25 de outubro de 1998 -, o Papa João Paulo II definia Frei Galvão como "ardoroso adorador da Eucaristia, mestre e defensor da caridade evangélica, prudente conselheiro da vida espiritual de tantas almas e defensor dos pobres". Já Bento XVI, na Missa com a Canonização do Frei, disse que "a Divina sabedoria permite que nos encontremos ao redor do seu altar em ato de louvor e de agradecimento por nos ter concedido a graça da Canonização do Frei Antonio de Sant’Anna Galvão. [...] A fama da sua imensa caridade não tinha limites".

Abaixo a homilia do Papa Bento XVI, a respeito de Frei Galvão:



"Senhores Cardeais
Senhor Arcebispo de São Paulo
e Bispos do Brasil e da América Latina
Distintas autoridades
Irmãs e Irmãos em Cristo,

«Bendirei continuamente ao Senhor / seu louvor não deixará meus lábios» [Sl 33,2]

1.Alegremos-nos no Senhor, neste dia em que contemplamos outra das maravilhas de Deus que, por sua admirável providência, nos permite saborear um vestígio da sua presença, neste ato de entrega de Amor representado no Santo Sacrifício do Altar.

Sim, não deixemos de louvar ao nosso Deus. Louvemos todos nós, povos do Brasil e da América, cantemos ao Senhor as suas maravilhas, porque fez em nós grandes coisas. Hoje, a Divina sabedoria permite que nos encontremos ao redor do seu altar em ato de louvor e de agradecimento por nos ter concedido a graça da Canonização do Frei Antonio de Sant’Anna Galvão.

Quero agradecer as carinhosas palavras do Arcebispo de São Paulo, que foi a voz de todos vós. Agradeço a presença de cada um e de cada uma, quer sejam moradores desta grande cidade ou vindos de outras cidades e nações. Alegro-me que através dos meios de comunicação, minhas palavras e as expressões do meu afeto possam entrar em cada casa e em cada coração. Tenham certeza: o Papa vos ama, e vos ama porque Jesus Cristo vos ama.

Nesta solene celebração eucarística foi proclamado o Evangelho no qual Cristo, em atitude de grande enlevo, proclama: «Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos» (Mt 11,25). Por isso, sinto-me feliz porque a elevação do Frei Galvão aos altares ficará para sempre emoldurada na liturgia que hoje a Igreja nos oferece. Saúdo com afeto, a toda a comunidade franciscana e, de modo especial as monjas concepcionistas que, do Mosteiro da Luz, da Capital paulista, irradiam a espiritualidade e o carisma do primeiro brasileiro elevado à glória dos altares.


2.Demos graças a Deus pelos contínuos benefícios alcançados pelo poderoso influxo evangelizador que o Espírito Santo imprimiu em tantas almas através do Frei Galvão. O carisma franciscano, evangelicamente vivido, produziu frutos significativos através do seu testemunho de fervoroso adorador da Eucaristia, de prudente e sábio orientador das almas que o procuravam e de grande devoto da Imaculada Conceição de Maria, de quem ele se considerava ‘filho e perpétuo escravo’.

Deus vem ao nosso encontro, “procura conquistar-nos - até à Última Ceia, até ao Coração trespassado na cruz, até as aparições e as grandes obras pelas quais Ele, através da ação dos Apóstolos, guiou o caminho da Igreja nascente” (Carta encl. Deus caritas est, 17). Ele se revela através da sua Palavra, nos Sacramentos, especialmente da Eucaristia. Por isso, a vida da Igreja é essencialmente eucarística. O Senhor, na sua amorosa providência deixou-nos um sinal visível da sua presença.

Quando contemplarmos na Santa Missa o Senhor, levantado no alto pelo sacerdote, depois da Consagração do pão e do vinho, ou o adorarmos com devoção exposto no Ostensório renovemos com profunda humildade nossa fé, como fazia Frei Galvão em “laus perennis”, em atitude constante de adoração. Na Sagrada Eucaristia está contido todo o bem espiritual da Igreja, ou seja, o mesmo Cristo, nossa Páscoa, o Pão vivo que desceu do Céu vivificado pelo Espírito Santo e vivificante porque dá Vida aos homens. Esta misteriosa e inefável manifestação do amor de Deus pela humanidade ocupa um lugar privilegiado no coração dos cristãos. Eles devem poder conhecer a fé da Igreja, através dos seus ministros ordenados, pela exemplaridade com que estes cumprem os ritos prescritos que estão sempre a indicar na liturgia eucarística o cerne de toda obra de evangelização. Por sua vez, os fiéis devem procurar receber e reverenciar o Santíssimo Sacramento com piedade e devoção, querendo acolher ao Senhor Jesus com fé e sempre, quando necessário, sabendo recorrer ao Sacramento da reconciliação para purificar a alma de todo pecado grave.

3.Significativo é o exemplo do Frei Galvão pela sua disponibilidade para servir o povo sempre quando era solicitado. Conselheiro de fama, pacificador das almas e das famílias, dispensador da caridade especialmente dos pobres e dos enfermos. Muito procurado para as confissões, pois era zeloso, sábio e prudente. Uma característica de quem ama de verdade é não querer que o Amado seja ofendido, por isso a conversão dos pecadores era a grande paixão do nosso Santo. A Irmã Helena Maria, que foi a primeira “recolhida” destinada a dar início ao “Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição”, testemunhou aquilo que Frei Galvão disse: “Rezai para que Deus Nosso Senhor levante os pecadores com o seu potente braço do abismo miserável das culpas em que se encontram” . Possa essa delicada advertência servir-nos de estímulo para reconhecer na misericórdia divina o caminho para a reconciliação com Deus e com o próximo e para a paz das nossas consciências.


4.Unidos em comunhão suprema com o Senhor na Eucaristia e reconciliados com Deus e com o nosso próximo, seremos portadores daquela paz que o mundo não pode dar. Poderão os homens e as mulheres deste mundo encontrar a paz se não se conscientizarem acerca da necessidade de se reconciliarem com Deus, com o próximo e consigo mesmos? De elevado significado foi, neste sentido, aquilo que a Câmara do Senado de São Paulo escreveu ao Ministro Provincial dos Franciscanos no final do século XVIII, definindo Frei Galvão como “homem de paz e de caridade”. Que nos pede o Senhor?: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amo». Mas logo a seguir acrescenta: que «deis fruto e o vosso fruto permaneça» (cf. Jo 15, 12.16). E que fruto nos pede Ele, senão que saibamos amar, inspirando-nos no exemplo do Santo de Guaratinguetá?
A fama da sua imensa caridade não tinha limites. Pessoas de toda a geografia nacional iam ver Frei Galvão que a todos acolhia paternalmente. Eram pobres, doentes no corpo e no espírito que lhe imploravam ajuda. Jesus abre o seu coração e nos revela o fulcro de toda a sua mensagem redentora: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos» (ib.v.13). Ele mesmo amou até entregar sua vida por nós sobre a Cruz. Também a ação da Igreja e dos cristãos na sociedade deve possuir esta mesma inspiração. As pastorais sociais se forem orientadas para o bem dos pobres e dos enfermos, levam em si mesmas este sigilo divino. O Senhor conta conosco e nos chama amigos, pois só aos que se ama desta maneira, se é capaz de dar a vida proporcionada por Jesus com sua graça.

Como sabemos a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano terá como tema básico: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida”. Como não ver então a necessidade de acudir com renovado ardor à chamada, a fim de responder generosamente aos desafios que a Igreja no Brasil e na América Latina está chamada a enfrentar?


5.«Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei», diz o Senhor no Evangelho, (Mt 11,28). Esta é a recomendação final que o Senhor nos dirige. Como não ver aqui este sentimento paterno e, ao mesmo tempo materno, de Deus por todos os seus filhos? Maria, a Mãe de Deus e Mãe nossa, se encontra particularmente ligada a nós neste momento. Frei Galvão, assumiu com voz profética a verdade da Imaculada Conceição. Ela, a Tota Pulchra, a Virgem Puríssima, que concebeu em seu seio o Redentor dos homens e foi preservada de toda mancha original, quer ser o sigilo definitivo do nosso encontro com Deus, nosso Salvador. Não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora.

De fato, este nosso Santo entregou-se de modo irrevocável à Mãe de Jesus desde a sua juventude, querendo pertencer-lhe para sempre e escolhendo a Virgem Maria como Mãe e Protetora das suas filhas espirituais. Queridos amigos e amigas, que belo exemplo a seguir deixou-nos Frei Galvão! Como soam atuais para nós, que vivemos numa época tão cheia de hedonismo, as palavras que aparecem na Cédula de consagração da sua castidade: “tirai-me antes a vida que ofender o vosso bendito Filho, meu Senhor”. São palavras fortes, de uma alma apaixonada, que deveriam fazer parte da vida normal de cada cristão, seja ele consagrado ou não, e que despertam desejos de fidelidade a Deus dentro ou fora do matrimônio. O mundo precisa de vidas limpas, de almas claras, de inteligências simples que rejeitem ser consideradas criaturas objeto de prazer. É preciso dizer não àqueles meios de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio e a virgindade antes do casamento.

É neste momento que teremos em Nossa Senhora a melhor defesa contra os males que afligem a vida moderna; a devoção mariana é garantia certa de proteção maternal e de amparo na hora da tentação. Não será esta misteriosa presença da Virgem Puríssima, quando invocarmos proteção e auxílio à Senhora Aparecida? Vamos depositar em suas mãos santíssimas a vida dos sacerdotes e leigos consagrados, dos seminaristas e de todos os vocacionados para a vida religiosa.

6.Queridos amigos, deixai-me concluir evocando a Vigília de Oração de Marienfeld na Alemanha: diante de uma multidão de jovens, quis definir os santos da nossa época como verdadeiros reformadores. E acrescentava: “só dos Santos, só de Deus provém a verdadeira revolução, a mudança decisiva do mundo” (Homilia, 25/08/2005). Este é o convite que faço hoje a todos vós, do primeiro ao último, nesta imensa Eucaristia. Deus disse: «Sede santos, como Eu sou santo» (Lv 11,44). Agradeçamos a Deus Pai, a Deus Filho, a Deus Espírito Santo, dos quais nos vêm, por intercessão da Virgem Maria, todas as bênçãos do céu; este dom que, juntamente com a fé é a maior graça que o Senhor pode conceder a uma criatura: o firme anseio de alcançar a plenitude da caridade, na convicção de que não só é possível, como também necessária a santidade, cada qual no seu estado de vida, para revelar ao mundo o verdadeiro rosto de Cristo, nosso amigo! Amém!

Guarda a Paciência em Todas as Ocasiões - "O Frango do diabo" [Histórias de Frei Galvão]

O Frango do Diabo
Prezados amigos do Grupo Água Viva. Muitas são as histórias que se contam a respeito no nosso extraordinário Frei Galvão. A que eu transcrevo abaixo seve para exortar em nós o cultivo da virtude da paciência em todas as ocasiões.


"Numa chácara, no Município de Itu, morava um negro que tinha sido escravo. Apesar de muito forte, em certa ocasião ele ficou doente.

Para obter sua cura, ele fez uma promessa: Se ficasse curado, daria uma 'vara de frangos' para o Mosteiro de Frei Galvão.

Alguns dias depois da oração, o bom negro ficou curado. E quis cumprir logo o que havia prometido.

Pegou os doze melhores frangos de seu galinheiro, pendurou-os numa vara e pôs-se a caminho do Mosteiro...

De repente, três das aves conseguiram fugir. Duas delas ele pegou com facilidade. O terceiro frango — um galo carijó bem grande — dava a impressão de não querer voltar de jeito nenhum para a vara...

O bicho corria de um lado para o outro e não havia como pegá-lo. Isso deixou o bom homem cansado. Quando já estava ficando meio desanimado, perdeu a paciência e gritou: — Pare aí, 'seu' frango do diabo!

Justamente nesse instante, o frango enroscou-se num espinheiro e o velho negro conseguiu agarrá-lo com facilidade. E, pensando que tudo tinha voltado ao normal, seguiu de novo seu caminho. Pouco tempo depois ele chegava ao Mosteiro, contente de pagar a promessa. Tocou a sineta do portão e, em vez das freiras, o próprio Frei Galvão veio atender. O pobre homem saltou de alegria, pois desejava agradecer e entregar pessoalmente a Frei Galvão o que havia prometido ao Mosteiro.

O velho, então, começou a passar as aves para Frei Galvão que as recebia uma a uma. Quando chegou a vez de receber o frango carijó, ele não o aceitou...

— Esse não! Disse Frei Galvão. Esse eu não quero...

— Mas, por que o senhor não quer, Sr. Padre? Ele está gordo e sadio.

— Porque este você já deu para o diabo! E do diabo eu não quero nada... Disse o Frei.

Portanto, lembre-se sempre: guarda a paciência em todas as ocasiões e... cuidado! Cuidado, porque o diabo aceita as “ofertas” que são feitas a ele...

Vitória pelo Poder do Sangue de Jesus! Oração!

O Sangue de Jesus Cristo tem poder no céu, na terra e nos infernos O Sangue de Jesus tem poder. Realmente, não imaginamos todo o p...