Fazia um bom
tempo que não publicava no blog e nem escrevia sobre questões da nossa fé. Mas
diante do que recentemente me ocorreu, achei que deveria compartilhar o difícil
aprendizado que tive, pois, com certeza, será muito útil aos irmãos da
caminhada de fé.
Como bem
sabemos, a vida do fiel cristão sobre a terra é uma LUTA CONTÍNUA, conforme ao
Espírito Santo nos ensina no capítulo 7, versículos 1 a 2, do Livro de Jó.
Entretanto, em meio à dureza dos combates, temos a inclinação de nos retirarmos
do campo de batalha e nos colocarmos no cômodo campo das ilusões, onde podemos justificar
tudo segundo os nossos critérios e a nossa própria medida e onde podemos fugir
da realidade criando um “mundinho” à parte.
Quando não
cometemos voluntariamente esse erro, o demônio tenta habilmente nos levar para
a “zona de conforto” ou nos iludir com suas artimanhas, para que deixemos de realizar
a OBRA DE DEUS para divagarmos pelas suas fraudes e ilusões. Em outras
palavras, o inimigo da nossa salvação procura de tal modo nos cegar, que
passamos a viver não uma vida em busca de Deus, mas uma vida em busca de nós
mesmos, segundo as falsas e exageradas expectativas que nós mesmos criamos.
O Espírito
Santo instruiu a Igreja acerca dos chamados PECADOS CAPITAIS, eis que tais
pecados são normalmente parte da estratégia que o demônio usa para obscurecer a
mente dos cristãos e levá-los a viverem uma vida que, ao invés de buscar a
Cristo, seu Reino e sua Justiça, busca a si mesmo e suas próprias vaidades.
Importante
lembrar quais são os Pecados Capitais, conhecê-los, estudá-los e saber como evitá-los.
Segundo o
recomendadíssimo site e aplicativo “CATÓLICO ORANTE”, são estes os pecados
capitais:
1 - A Gula
Gula é o desejo
insaciável, além do necessário, em geral por comida, bebida. Segundo tal visão,
esse pecado também está relacionado ao egoísmo humano: querer ter
sempre mais e mais, não se contentando com o que já tem, uma forma de cobiça.
Ela seria controlada pelo uso da virtude da temperança. Do latim gula.
2 - A Avareza
É o apego
excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os
e deixando Deus em segundo plano. É considerado o pecado mais tolo por se
firmar em possibilidades. Na concepção cristã, a avareza é considerada um dos
sete pecados capitais, pois o avarento prefere os bens materiais ao convívio
com Deus. Neste sentido, o pecado da avareza conduz à idolatria, que
significa tratar algo, que não é Deus, como se fosse deus.
3 - A Luxúria
A luxúria (do latim luxuriae) é o desejo passional e egoísta
por todo o prazer sensual e material. Também pode ser entendido em seu sentido
original: “deixar-se dominar pelas
paixões”. Consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes;
sexualidade extrema, lascívia e sensualidade. Do latim luxuria
4 - A Ira
A Ira é o intenso
e descontrolado sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar
sentimento de vingança. É um sentimento mental que conflita o agente
causador da ira e o irado. A ira torna a pessoa furiosa e descontrolada com o
desejo de destruir aquilo que provocou sua ira, que é algo que provoca a
pessoa. A ira não atenta apenas contra os outros, mas pode voltar-se contra
aquele que deixa o ódio plantar sementes em seu coração. Seguindo esta linha de
raciocínio, o castigo e a execução do causador pertencem a Deus. Do latim ira.
5 - A Inveja
A inveja é
considerada pecado porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e
prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual.
É o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa
tem e consegue. O invejoso ignora tudo o que é e possui para cobiçar o que é do
próximo. A inveja é frequentemente confundida com o pecado capital da Avareza,
um desejo por riqueza material, a qual pode ou não pertencer a outros. A inveja
na forma de ciúme é proibida nos Dez Mandamentos da Bíblia. Do latim invidia, que quer dizer olhar com
malícia.
6 - A Preguiça
A Igreja Católica
apresenta a preguiça como um dos sete pecados capitais, caracterizado pela pessoa
que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência,
desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a
leva à inatividade acentuada. Aversão ao trabalho, frequentemente associada
ao ócio, vadiagem. Do latim prigritia
7 - A Orgulho ou Vaidade
Conhecida como
soberba, é associada à orgulho excessivo, arrogância e vaidade. Em
paralelo, segundo o filósofo Santo Tomás de Aquino, a soberba era um pecado tão
grandioso que era fora de série, devendo ser tratado em separado do resto e
merecendo uma atenção especial. Aquino tratava em separado a questão da
vaidade, como sendo também um pecado, mas a Igreja Católica decidiu unir a
vaidade à soberba, acreditando que neles havia um mesmo componente de
vanglória, devendo ser então estudados e tratados conjuntamente. Do latim superbia, vanitas.”[1]
Vou falar
neste brevíssimo texto unicamente do pecado capital da vaidade (igulamente compreendido como 'narcisismo'), também referido
como orgulho. Em relação aos demais, tenho que a transcrição acima os explica,
mas, no que se refere à vaidade, há um grande perigo, sendo justamente o meu
propósito alertá-los para que não cometam o mesmo erro que eu cometi, erro este
que me custou cicatrizes e desperdícios de graças de Deus.
Lembro que
certa vez, durante as férias, estivemos na Praia do Morro dos Conventos, no
Litoral Sul de Santa Catarina. Nessa praia, estivemos num parque aquático onde
passamos o dia, era o mês de janeiro do ano de 2003.
Havia nesse
parque um quiosque e todos falavam sobre uma famosa bebida que era comercializada
ali, chamavam-na de tequila[2].
Na verdade era uma bebida preparada com sucos e pedaços de frutas, um copo
grande de plástico e um canudo, e que continha uma quantidade aparentemente
pequena de bebida alcoólica. Influenciado por uma pessoa então próxima da
família, eu acabei comprando.
Comecei,
então, a consumir a “tequila”. Parecia um suco, inclusive sentia-se um gosto
semelhante ao mel, muito apreciável, aliás. Não se sentia de modo algum que a
bebida era alcoólica.
Fui
consumindo sem perceber, porém, quando estava no final, quando havia apenas alguns
pedaços de gelo no fundo do copo, é que percebi que estava completamente
alcoolizado e sem condições de dirigir. Felizmente estava como minha família e
minha esposa voltou conduzindo o nosso veículo.
Eu, porém,
olhava para as placas e sequer conseguia lê-las. O efeito daquela bebida era
diferente do que uma embriaguez comum, a tequila deixava a visão turva, uma
espécie de cegueira, simplesmente não conseguia ler nada e nem me orientar
adequadamente. Não se fica cambaleante ou com fala arrastada, simplesmente se
fica cego ou com uma visão turva e nebulosa.
E esse é
exatamente o efeito do pecado capital da VAIDADE. Nós ficamos cegos, perdemos o
foco em JESUS CRISTO e ficamos desorientados.
No início, a
VAIDADE não se dá a perceber, mas, como a tequila, entorpece a pessoa de tal modo
que o cristão, ao invés de buscar a glória de Deus, passa a buscar a si mesmo.
Isso significa dizer que o vaidoso, ainda que fale de Deus, ainda que
evangelize, ainda que se coloque à frente das comunidades, busca unicamente os
seus próprios interesses, para comprazer-se e vangloria-se de seus feitos e ser
admirado e aplaudido pelas pessoas.
E essa
cegueira é de tal modo sutil e intensa que a pessoa, mesmo que seja bem
intencionada e de boa-fé, não consegue sair sem o auxílio do Espírito Santo.
Como sintomas
desse estado de cegueira, observo que a pessoa, que antes alcançava muitas
graças com seus pedidos, que obtinha muitos favores de Deus e que gozava da
intimidade de Jesus, passa a viver num completo DESERTO e sente claramente que
DEUS NÃO A ESCUTA MAIS. A sensação de abandono e outros sofrimentos desabam
como uma tempestade, e não há nada que ajude uma alma assim enquanto não for
despertada de suas falsas certezas e de sua vaidade.
Vive-se uma “noite
escura da alma”, mas isso, uma vez mal interpretado, pode acarretar que a
pessoa de afunde ainda mais no orgulho e pense que está num caminho de ascese e
santidade, o que faz com que seu estado fique ainda mais deplorável. Com efeito,
o vaidoso, além de estar em rota de suicídio espiritual, agora pensa que é
santo!..., mas essa “santidade” não existe, pois o vaidoso, como eu disse, é um
desorientado que não vê um palmo à frente do nariz.
Lembre-se da
vaidade de Simão Pedro, quando disse que estaria disposto a ir até à morte por
Jesus. Observe como Jesus permitiu a negação de Pedro para acordá-lo dessa
vaidade, e como Jesus teve de ir atrás de Pedro no “Mar da Galileia” para confirmá-lo
novamente na missão (João 21, 15-19). Essa providência de Jesus era necessária,
sem ela Pedro não seria a Rocha onde a Igreja está alicerçada.
Também lembre que São Paulo, que obviamente conversou muito com São Pedro e que, a exemplo de Pedro também "caiu do cavalo", prontamente aprendeu: "Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte. (II Coríntios 12, 10)"
Também lembre que São Paulo, que obviamente conversou muito com São Pedro e que, a exemplo de Pedro também "caiu do cavalo", prontamente aprendeu: "Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte. (II Coríntios 12, 10)"
Dando
sequência, observo que uma alma vaidosa jamais será santa, isso não tem nada de
“noite escura”, ascese e santidade. É uma doença da alma que precisa ser
tratada como se a alma estivesse numa UTI espiritual, cujo único médico é o próprio
Jesus que nos medica com o Espírito Santo.
Também
observo que o pecado tem consequências, que o salário do pecado é a morte e que
a cura começa com um intervenção correcional[3]
de Deus. Explico: O pecado é uma doença que exige um remédio amargo, ou seja, o
castigo ou a duríssima experiência com que Deus faz a alma acordar, e a alma é
castigada e provada de acordo com o pecado que cometeu.
A vaidade,
que é tratada como uma espécie de sinônimo e pecado-irmão do orgulho, é
castigada pela humilhação, sendo atingido justamente o ponto sobre o qual se
inflamava a vaidade. A autossuficiência é castigada pela fraqueza e pela
impotência. A vaidade física é castigada pela doença e pelas cicatrizes...
Com efeito,
uma pessoa vaidosa por conta da beleza de seu corpo vai ter como castigo
correcional (castigo de correção) cicatrizes, machucados, doenças que vão
atingir justamente a parte do corpo que a pessoa gostava de exibir, com o que o
fiel se vê forçado a esconder-se por conta da vergonha. Se a pessoa tem vaidade
de seus bens, vai sofrer contínuas perdas patrimoniais. Se tem orgulho de sua
inteligência, vai cometer erros primários e vai sofrer muitos questionamentos
até por si mesma. Se pensa que é forte, vai ver-se impotente e fraco diante das
situações da vida.
Entretanto, esta
é justamente a hora de refugiar-se na oração, clamar ao Espírito Santo que
mostre o que está acontecendo. Fundamental é fazer um bom retiro, participar de
um encontro de cura e libertação, voltar ao cenáculo, enfim, buscar reencontrar
o primeiro amor, para que o Espírito acorde a alma e lhe mostre onde está
errando.
Quando fiz
isso, participei do ENF – Encontro Nacional de Formação da RCC-2019. Num dos
intensos momentos do Espírito Santo, recebi a palavra de ciência: “Vaidade!” e, após, “Não estás buscando a glória de Deus, mas
tua própria glória, para comprazer-te com o que não és!”
Nesse momento
compreendi o porquê de tantos obstáculos que surgiram nos meses que antecederam
o ENF, cheguei a desistir por conta de um acidente de bicicleta no qual sofri
lesões no rosto e quebrei o nariz. Mas a Providência me permitiu ir ao ENF,
inclusive uma pessoa que eu havia conseguido para fosse no meu lugar desistiu
e, como eu já estava com a viagem paga, resolvi ir de qualquer modo. Durante os
dias que antecederam a viagem, fui acometido de grande ansiedade, e pela
oposição de familiares, havia um medo obsessivo, como se eu estivesse rumando
para a morte, como se fosse ocorrer um acidente ou assalto. A viagem de ida foi
muito angustiante, precisei rezar várias vezes, mas a volta foi jubilosa.
Para
confirmar a graça de Deus, nos dias que sucederam ao meu regresso encontrei na
Catedral nosso Bispo Emérito, sendo-me possível confessar com ele, recebendo,
enfim, o perdão da minha vaidade.
Tudo ficou
bem após a confissão!...
Por isso,
queridos e queridas, cuidado com o PECADO, especialmente com o PECADO DA
VAIDADE. Este pecado derrubou Lúcifer e muitas almas que poderiam ter se
santificado ao longo de suas vidas, sendo uma espécie de pecado extremamente
perigosa e que engana muito.
Para manter-se
livre da VAIDADE, é preciso ter HUMILDADE e OBEDIÊNCIA!... E precisamos
recorrer frequentemente à Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, pois Ela é
nossa Mestra nesses duríssimos combates, Ela conhece e sabe o que é a
verdadeira humildade, pois disse: EIS AQUI A SERVA DO SENHOR!...
Deus abençoe
você!...
Atenciosamente....
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