sábado, 20 de abril de 2013

O Sentimento e o Consentimento [Tentação, luta contra o pecado, evangelização, Frei Elias Vella}


O Sentimento e o Consentimento

"O sentimento não é reprovável. O consentimento sim." (Santo Padre Pio de Pietrelcina)


     Escrevo agora de modo especial àqueles que se dedicam a evangelizar e empreendem esforços para levar o nome de Cristo Jesus e seu Evangelho a toda criatura. Escrevo, pois sinto no coração que todos nós precisamos compreender melhor as dificuldades pelas quais passamos e as provas cada vez mais intensas e frequentes a que nossa fé é exposta.

Inicialmente, gostaria de esclarecer, como bem o fazem os grandes confessores, que há uma diferença muito grande – eu diria imensa – entre o sentimento e o consentimento. E é justamente nisso que consiste o propósito deste texto, que é estabelecer alguns parâmetros que sirvam de auxílio, consolo e ânimo a todos os que enfrentam grandes contradições em relação aos esforços que empreenderam no trabalho realizando na Vinha do Senhor (trabalhos na Igreja e na Evangelização, especialmente dos jovens).

O Livro do Eclesiástico, em seu capítulo 2, traz uma passagem interessantíssima, que eu transcrevo abaixo:


“...Meu filho, se você se apresenta para servir ao Senhor, prepare-se para a provação. Tenha coração reto, seja constante e não se desvie no tempo da adversidade. Una-se ao Senhor e não se separe, para que no último dia você seja exaltado. Aceite tudo o que lhe acontecer, e seja paciente nas situações dolorosas, porque o ouro é provado no fogo e as pessoas escolhidas, no forno da humilhação. Confie no Senhor, e Ele o ajudará; seja reto o seu caminho e espere no Senhor.

Vocês que temem ao Senhor, confiem na misericórdia dele, e não se desviem, para não caírem. Vocês que temem ao Senhor, confiem nele, que não lhes negará a recompensa de vocês. (...) Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo do perigo. (...) Os que temem ao Senhor procuram agradar-lhe, e aqueles que o amam cumprem a Lei. Os que temem ao Senhor preparam seus corações, e diante dele se humilham. Cada um  de nós se coloque nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele é como sua grandeza.”


 Você percebeu bem? Então precisamos ter em mente que, a partir do momento em que estamos a serviço do Senhor, vamos sofrer com tentações e tribulações, observando-se que a Palavra fala, inclusive, em humilhações. Mas nenhum desses sofrimentos têm comparação com a graça e a glória que é servir a Deus.

Portanto, se você exerce algum trabalho pastoral (catequista, coordenador de movimento, participante ou presta algum tipo de auxílio na Igreja) saiba que você vai ser provado, ou seja, submetido a contradições, situações difíceis, além de muitas incompreensões, ingratidão e falta de reconhecimento. Mas você não deve ter medo, isso é apenas para afastar aqueles que estão ali apenas para “aparecer” e para que Deus possa valorizar os seus esforços e conceder-lhe cada vez mais e mais méritos. Dessa forma, quanto mais você se incomodar ou sofrer por causa de Jesus e do trabalho na Igreja, melhor para você. Deus permite isso, mas é para o seu bem, porque achou você merecedor (a) de padecer algum sofrimento por amor do santo nome de Jesus.

Os sofrimentos, incômodos, incompreensões, perseguições, calúnias, difamação, etc. são uma comprovação de que Jesus está com você. Isso tanto é verdade que o próprio Jesus também passou por isso.

Voltando ao tema central, observo que todos os servos, especialmente os mais dedicados e zelosos, estão sendo e serão tentados (as). Disso ninguém escapa, nem os servos menores e nem os mais eloquentes.

O objetivo dessas tentações – que não provêm de Deus, muito embora Ele as permita – é fazer com que o servo desanime e desista, deixando a obra por fazer, incompleta, com prejuízos evidentes a todos os que seriam beneficiados. Também se percebe que o objetivo do tentador é levar o servo (seja leigo, seja religioso, religiosa, ordenado..) à ruína, com o envolvimento em fatos escandalosos.

O desânimo é a pior de todas as tentações, pois ele escancara a alma a diversos outros sentimentos nocivos e prejudiciais.  Quando um servo de Deus desanima, ele deixa de realizar adequadamente o seu trabalho e logo começa a sentir involuntariamente inveja e rejeição por aqueles que o substituíram ou o criticaram. Logo outros sentimentos de rancor e ódio começam a tomar conta, a ponto de o fiel tornar-se exatamente o oposto de tudo o que ele pretendia ser quando iniciou seu trabalho na Igreja.

O inimigo só precisa de uma brecha para nos sugerir suas maldades. O desânimo faz um rombo, e isso é muito mais do que uma brecha. 

Portanto, é preciso saber lidar com as tentações, porque “aos provados na tentação é prometida a consolação celestial. ‘Ao que vencer, diz o Senhor, darei a comer o fruto da árvore da vida.’ (Apocalipse, 2,7)” (Livro Imitação de Cristo, Livro II, parágrafo 7).

O Padre Caetano Caon, com atuação nas Dioceses de Vacaria/RS e Manaus/AM, durante muitos anos ensinou que: “Não é pecado o SENTIR, mas o CONSENTIR”.  Isso significa dizer que há uma diferença muito grande a respeito dessas duas situações.

Ainda sobre o ensinamento do notável sacerdote, observo que não temos controle nem domínio sobre o nosso sentimento. Não escolhemos de quem gostamos ou o que queremos ou o que nos atrai, isso está fora do nosso controle. Em outras palavras, isso quer dizer que o SENTIR não está no nosso controle, mas o CONSENTIR está sob a regência de nossa vontade e se  chegarmos a esse ponto,  ou seja, se diante do sentimento nós temos o consentimento, aí sim, estamos violando os mandamentos.


Muito importante é o magistério do Frei Elias Vella:

“...O diabo consegue reconhecer os nossos pensamentos mais íntimos, diz São Tomás. (...) Pode também influenciar nossos cérebros, perturbar as ideias, distorcer a verdade e obscurecer a inteligência. Ele pode também nos induzir ao mal, mexendo com nossas emoções (...). Ele pode também caçoar de nós, trazer à nossa mente fantasias sexuais e às vezes até aparências de natureza sexual. Certamente, não estou aqui dizendo que tudo de estranho que acontece conosco, venha do diabo. Estou aqui, somente afirmando quais os poderes que o diabo de fato tem.” (do livro O AntiCristo. Quem é e como age”, Frei Elias Vella, Editora Palavra e Prece, páginas 124-5).

 
Frei Elias Vella

Portanto, no SENTIR não há pecado, ainda que sejamos perturbados por muitos pensamentos impuros. Com efeito, enquanto resistimos a esses pensamentos e não consentimos com as ofertas de pecado que recebemos, nós não só não pecamos como estamos angariando méritos para a eternidade. Em outras palavras, quanto mais resistimos à tentação, maiores serão os nossos méritos, desde que, obviamente, não viemos a CONSENTIR no mal que nos é oferecido.

Mas é preciso também dizer que não podemos brigar com esses pensamentos inoportunos. Nós temos de resistir, não brigar com eles. Se a nossa mente é invadida por um pensamentos de pecado, como o desejo de envolver-se em situações de adultério ou pecado contra a castidade, precisamos resistir e desprezar conscientemente a “proposta” do tentador.

Vamos imaginar o seguinte. Você entra em camelódromo imenso numa cidade grande. Ali estão sendo oferecidos muitos produtos. Você percorre toda a extensão do camelódromo e visualiza muitos e variados produtos, desde eletrônicos até artesanato. Pode ser até que você se sinta atraído (a) a adquirir um ou outro produto, mas você não o fará, especialmente se o produto for daqueles que se estragam com facilidade. Você sabe que é “jogar dinheiro fora” comprar certas coisas e, apesar da vontade de comprar, não compra. Deu vontade, mas você disse: “Não vou jogar dinheiro fora num radinho que vai durar uma semana ou menos até”. E você acaba saindo do camelódromo sem comprar nada, pois sabe que é só uma ilusão de momento.

Em relação às tentações é a mesma coisa, guardadas as devidas proporções, evidentemente.

Diariamente somos bombardeados por ofertas de pecado, especialmente no tocante à castidade e a fidelidade matrimonial. Basta ligar a TV ou acessar a Internet, as imagens apelativas estão por toda parte. Mas aí eu me lembro do camelódromo, de que tantas coisas são oferecidas, mas algumas simplesmente não me convêm e me colocariam em pecado grave ou mortal. Você, diante dessa situação, resiste e pensa consigo mesmo: “Não vou jogar minha eternidade, paz, convívio com Deus, felicidade, na lata do lixo por um momento que vai durar só uns minutos, mas com consequências graves e talvez irremediáveis.”


Você entendeu? As propostas de pecado são só uma ilusão de momento. Você precisar RESISTIR, desprezando-as, e REAGIR, repudiando-as e saindo da ocasião que o (a) deixa vulnerável.

Diante da tentação, a melhor postura é RESISTIR e, depois, REAGIR. É desprezar a proposta inicial do inimigo e colocar-se distante da ocasião de pecado.


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        Mas e se a tentação fica tão forte a ponto de me arrastar, o que fazer? 

         A devoção e adoração eucarística têm um efeito simplesmente maravilhoso. É impressionante como a tentação perde a força quando estamos diante do Santíssimo Sacramento, adorando a presença real e concreta de Jesus. 


      A recitação do Santo Rosário também tem um efeito devastador contra as tentações. É impressionante como o demônio se perturba pelo simples ressoar da Ave-Maria.... Não é por outro motivo que os réprobos e hereges se levantam com tanta violência contra a devoção à Virgem Maria e ao reconhecimento à presença real e concreta de Jesus na Eucaristia.


        Ainda sobre a devoção à Virgem Maria, transcrevo mais alguns trechos da obra do Frei Elias Vella:



"Certa vez um exorcista famoso me disse que o diabo fica mais incomodado e se enche de raiva quando alguém fala o nome de Maria, do que quando fala o Nome do próprio Jesus.  (...) Maria o tira do sério! O nome dela faz com que ele sinta raiva, fique nervoso! Ele não a suporta. (...) A humildade dela o perturba. Ela o incomoda e o expõe ao ridículo.  (...) Ninguém melhor do que Maria para combatê-lo.  (...) Maria unida a Jesus esmaga a cabeça da serpente. (...) Maria é a inimiga mais poderosa de quem o diabo tem medo. Ele tem medo de Maria (...). Sua arrogância e seu orgulho o fazem sofrer tremendamente, especialmente diante da humildade dela.  (...) Portanto, podemos compreender facilmente por que o diabo faz de tudo para interferir de todas as maneiras, colocando obstáculos contra qualquer devoção com relação à Virgem Maria. De Fato, - comenta São Maximiliano Kolbe – ‘o diabo faz de tudo para manter a alma distante da intimidade com a Virgem Maria.' (...) A devoção que o diabo menos suporta é a do Rosário. (...) As contas do Rosário o assustam tanto que, em seus ataques, com frequência ele o destrói, deixando-o em pedaços.” (Do livro O AntiCristo, quem é e como age. Editora Palavra & Prece. Páginas 183-85.)
      

       A confissão sacramental também é de extrema importância, pois a partir do momento em que você conta a tentação, a resposta do padre sempre será uma vacina contra o desânimo que a tentação provoca. Além disso, durante a confissão o próprio Jesus age em nossas almas, é o próprio Senhor que nos toca e perdoa, servindo-se do padre como instrumento.

       
         Além disso, é fundamental a assiduidade à Santa Missa. Aliás, não há nada no mundo mais importante do que a Missa, pois na Missa há um calvário renovado, com a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.  A missa tem tudo, tem Jesus, tem Maria, tem os anjos, tem oração, perdão dos pecados, louvor, ofertório, comunhão, bênção, cura, milagre e restauração. 

         
Espero ter ajudado você. Deus abençoe sempre.








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