sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Assumindo e Compreendendo a Cruz de Cristo [Qual o significado da Cruz? Como ela vence o mal? A Cruz Sagrada Seja a Minha Luz!]






"A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina (...). Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos - quer judeus quer gregos - , força de Deus e sabedoria de Deus. Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens." (I Cor 1, 18-25)

Histórica e repetidamente se usou demonstrar, através das formas de expressão do pensamento humano, que o mal tinha medo da Cruz. Nas vetustas histórias de vampiros e lobisomens – e outras ficções do gênero –, mostrava-se que o simples ato de exibir um crucifixo punha em fuga o ente maligno, e isso se tornou uma espécie de certeza inconsciente em cada pessoa, de modo que se imaginava e, por certo, ainda se imagina, que basta colocar um crucifixo em cima da porta para manter o mal longe de casa.

Isso não deixa de ser verdade, o crucifixo é um sinal poderoso, e nos faz lembrar do imenso amor de Cristo por nós, e da forma como o mal foi derrotado, justamente por aquilo que se imaginava fossem a fraqueza e a vergonha do mundo. Com efeito, aquilo que era tido por fraco e que não despertava interesse algum, a escória do mundo, foi escolhido por Deus e fortificado por Ele, para esmagar a cabeça da “serpente”, e confundir dos grandes dessa terra. Dessa feita, o demônio foi vergado e humilhado, tendo a cabeça esmagada pela Mulher - Maria Santíssima -, ou seja, justamente pela espécie humana que ele tanto despreza e tanto busca aniquilar.

Mas será que o ser humano vence o mal só pelo fato de ter um crucifixo na parede? Às vezes até esquecido ali, todo empoeirado?

A resposta é NÃO! Ter um crucifixo na parede é bom, atrai bênçãos e proteção, enfim, lembra-nos sempre de Cristo. Entretanto, é preciso compreender o real significado da Cruz, bem como a forma como transformaremos essa mesma Cruz em certeza de vitória contra todos os males.

Quando Jesus disse: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mateus, 16-24) não estava se referindo ao madeiro propriamente dito, ao lenho da cruz. Tomar a cruz é assumir os compromissos e dificuldades da vida, aceitando tudo o que sobrevém, sem nunca renunciar à Cruz. Quando enfrentamos dificuldades familiares, problemas no relacionamento e no trabalho, estamos carregando a cruz na nossa vida, sendo, justamente por isso, assemelhados a Jesus. E quando nos tornamos semelhantes a Jesus é que esmagamos a cabeça da “serpente”, não por força nossa, mas pela graça de Deus e de Nossa Senhora.

Por isso, é preciso aceitar essas situações difíceis, nos relacionamentos, na família, na vida em comum, afastando da mente o desejo de desistir de tudo. Não seja decepcionado ou decepcionada com seu casamento ou com sua vocação religiosa, ainda que as coisas não tenham saído como você sonhou. Não caia na ilusão de ficar pensando que se tivesse casado com outra pessoa a situação seria melhor ou se estivesse entrado nessa ou naquela congregação seria mais realizado ou realizada. Não cultive um sentimento de que “jogou a vida fora” quando casou com esta ou aquela pessoa, ou tomou esta ou aquela decisão, pois se assim você pensa, assim você repudia a Cruz. Do mesmo modo, não cultive decepções e frustrações caso seus filhos não tenham aceitado o caminho que você propôs ou tenham escolhido um caminho que lhe causa incômodos ou vergonha, mas reze contínua  e insistentemente pela conversão deles e para que neles se realize a vontade de Deus. Da mesma forma, não seja frustrado se não conseguiu o emprego que procurava ou se não passou no concurso que queria ou, ainda, se não recebeu o reconhecimento que esperava ou se não lhe foi confiado este ou aquele ministério, pois Deus sabe o que é melhor para você, o que lhe convém, ainda que isso pareça totalmente desproposital ou incompreensível.

Minha recomendação é que você coloque tudo em oração e diga a Nosso Senhor:
“Meu Senhor e meu Deus, eu aceito de bom grado tudo o que está acontecendo. Seja seu santo nome bendito para sempre. Aceito tudo e não me queixo de nada. Renuncio a toda murmuração e resmungos. Aceito tudo o que me aconteceu, do mesmo modo como foi, sem mudar nada. Da mesma forma, ofereço a vós, Meus Deus e Senhor, os sofrimentos da minha vida, os quais aceito com filial submissão, ofertando-os como penhor de salvação de todos os pecadores. Enfim, tudo ofereço pela obra da Redenção e em reparação aos pecados cometidos todos os dias contra o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria; e tudo coloco em vossas mãos, para de tudo disponha como melhor vos aprouver.”



Logo você vai se sentir melhor, terá uma paz tão profunda no coração que nem mesmo todos os problemas serão capazes de ferir esse estado de quietação. Não é que não haverá problemas, de tempos em tempos haverá dias de tempestade e momentos difíceis, mas você, muito embora possa sofrer um abalo inicial, estará restabelecido e restaurado em pouquíssimo tempo; forjado na batalha, terá inúmeras oportunidades para glorificar a Deus com grandes vitórias. As tempestades – como eu dizia - podem até abalar você num impacto inicial, mas você levantará logo e, com o tempo, será como uma montanha rochosa, que firme e forte não sucumbirá diante dos problemas.

E saiba, mesmo que desabe ruidosa tempestade, com nuvens expessas e negras como o fumo, com raios e trovoadas, o SOL NÃO SE EXTINGUIU, e logo ele voltará a brilhar como sempre, radiante e cheio de explendor.

Mas para isso é preciso aceitar a Cruz e ter a disposição de permanecer nela até o momento em que Jesus der o seu “basta!”.

No mesmo sentido, deixo registrado que existe uma estrutura no mundo que busca de todas as formas fazer com que a pessoa renuncie à Cruz. São ilusões e mentiras acerca da felicidade, da aparência, das riquezas. Tudo é apresentado com um agradável aspecto, para que você renuncie à cruz e saia pelo mundo, fazendo as coisas que “todo mundo faz”, e ainda se justificando pelo “direito de ser feliz”. Dizem assim: “se sua esposa não lhe trata bem, troque-a por uma mais nova”; “se seu filho não o respeita, mande-o embora”; “se seu marido não lhe agradada, arrume outro”; “aproveite a vida”; e por aí vai.

Ai de quem segue esses conselhos!

Nós vencemos o demônio quando carregamos a cruz nas nossas vidas, e nos dispomos a permanecer nela até que Jesus, nos seus insondáveis desígnios, decida retirá-la ou aliviar-lhe o peso. É isso que derrota a tão horrível figura do demônio, carregar a Cruz do dia-a-dia com amor, paciência e total aceitação à vontade de Deus, dando-lhe, ainda, graças em todas as ocasiões.

Com efeito, quando procuramos evitar a Cruz ou fugir dela, o mal passa a ter mais força sobre nós. Quando assumimos a nossa Cruz, honramos nossos compromissos e obrigações, e adotamos a intenção de honrar nossos deveres até o fim, aí a cruz que nós carregamos brilha e atrai bênçãos, afugentando todos os males, trazendo uma paz profunda aos nossos corações.

Por oportuno lembro-me do notável Padre Pio de Pietrelcina, o “Crucificado do Gargano”, que dizia: "Estenda-se sobre a cruz para saborear os frutos da cruz." (Santo Padre Pio de Pietrelcina).

Portanto, é muito importante que aceitemos as nossas cruzes e carreguemos nossos fardos com amor, pois disso depende nossa vitória sobre todas as adversidades.

“Por que temes, pois, tomar a cruz, pela qual se vai aos céus? Na cruz estão a salvação e a vida, na cruz a proteção contra nossos inimigos. Da cruz manam as suavidades celestiais; na cruz estão a fortaleza da alma, a alegria do coração, o compêndio da virtude, a perfeição da santidade. Não há salvação da alma, nem esperança da vida eterna, senão na cruz. Toma, pois, a tua cruz, segue a Jesus, e chegarás à vida eterna. ”(Imitação de Cristo, Livro II, Capítulo XII)
O fragmento acima, retirado do livro “Imitação de Cristo”, demonstra bem a importância do tema ora proposto, uma vez que evidencia o estreito e difícil caminho (porta estreita) que deve o cristão trilhar para, em seguimento a Nosso Senhor Jesus Cristo, chegar à Vida Eterna.

Jesus mostrou, com palavras e exemplos, o caminho da vida eterna, afirmando que quem desejasse o prêmio da bem-aventurança deveria segui-lo, ou seja, passar pelo caminho que o Mestre mesmo passou, o caminho da cruz.

Mas, afinal, o que é a cruz? O que significa?

Pode-se, de forma genérica e sem rigor teológico, afirmar que a “cruz” é o conjunto de trabalhos, sofrimentos e dificuldades surgido involuntariamente em nossas vidas, e que somos obrigados a suportar. Em outras palavras, a “cruz” é o conjunto de fardos impostos à nossa existência, dos quais não podemos simplesmente renunciar ou desistir.

No evangelho de São Mateus, Capítulo 7, versículos de 24-27, observamos que:

“24. Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína.”


Você percebe? Jesus afirma que virão “chuvas”, “enchentes” e “ventos”, que simbolizam os problemas que a vida nos traz. A “casa” somos nós mesmos, e construir a “casa” (nossa vida) sobre a “rocha” significa viver de acordo com a justiça do Reino dos Céus (ouvir a Palavra e a pôr em prática no dia-a-dia). Portanto, se o próprio Jesus afirma que virão problemas, a nós cabe buscar a ajuda divina para resolvê-los e vencê-los, carregando com amor e paciência os fardos, que são as dificuldades enfrentadas durante o período em que passamos por situações dolorosas.

Prosseguindo no Evangelho de São Mateus, observamos que:


“37. Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim. 38. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39. Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á.” (Capítulo 10 37-39)


Aqui Jesus afirma expressamente que quem não toma a sua cruz e não O segue não é digno dEle. Este trecho demonstra que a cruz é indispensável à salvação, ou seja, somos obrigados a vencer nossas situações dolorosas e adversas, sob pena de não sermos dignos da salvação prometida por Jesus. Quando a “cruz” fica demasiadamente pesada, não temos outra escolha a não ser buscar a força do alto, rezando insistentemente, até que tenhamos vencido, pela misericórdia de Deus, todos os nossos problemas.

Ainda no Evangelho de São Mateus (16, 24-27), observamos que:



“24. Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. 25. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. 26. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?... 27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras.”


Neste trecho, Jesus afirma que a opção pelo Reino dos Céus exige renúncia e assunção da cruz. Em outras palavras, para se chegar ao Céu é preciso renunciar a tudo quanto se opõe a Deus, bem como suportar com paciência os trabalhos e as dificuldades impostas pela vida.

Em Mateus 7, 13-14 Jesus já havia afirmado que:



“13. Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. 14. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram.”


Isso significa que a opção pelo Reino de Deus exige esforço, esforço este que consiste em carregar a cruz e morrer nela até que Deus tome a decisão de aliviá-lo. Em outras palavras, o Reino de Deus é uma conquista das pessoas que lutam e pelejam, carregando sua cruz com amor e resignação, aceitando tudo o que lhes acontece, buscando sempre a força de Deus para superar as adversidades. Os acomodados e ociosos não sabem o que é, e abominam o caminho da Santa Cruz, pois escolheram deliberadamente a “porta larga” e o “caminho espaçoso”, que leva à perdição da alma.


No livro “Imitação de Cristo” consta que “Deus quer que aprendas a sofrer a tribulação sem alívio, sujeitando-se de todo a ele e fazendo-se mais humilde com a tribulação”. (Livro II, Capítulo XII). Lembre-se, ainda, que “Ninguém sente mais vivamente a paixão de Cristo que aquele que padece penas semelhantes”.

Quero, ainda, propor uma pergunta, um questionamento:

E SE EU FUGIR DA CRUZ?


“Se te eximires duma cruz, acharás certamente outra e por ventura mais pesada.”. Você percebeu? A “cruz” a gente aceita e carrega, não fazendo pouco quem suporta os trabalhos com paciência e resignação, isto é, sem revoltar-se. Quem carrega a sua “cruz” busca em Deus a consolação, força e alívio, que serão concedidos no tempo certo, conforme a sabedoria do Altíssimo. Lembre-se, que carregar a “cruz” é um exercício espiritual importantíssimo, sem o qual o homem não passaria de um animalzinho pensante (e mal pensante), e que quem foge de cruz é o “diabo”, não os seguidores de Jesus.


Além disso, observa-se que “todos os sofrimentos desta vida não têm proporção alguma com a glória que nos é prometida” (Romanos, 8, 18). E, convenhamos, é tudo o que nos interessa.
Por último, transcrevo parte de uma pregação de Dom Henrique Soares: "Faça a experiência do ESCÂNDALO DA CRUZ."


"...Gente, não brinquem! O mundo não é bonzinho nem simpático, os cristãos não são simpáticos ao mundo. A gente é tolo em achar que o mundo está de braços abertos pra gente. Jesus preveniu: "O mundo vos odeia... E odiou a Mim.". Jesus disse!... O que é odiar? Odiar no sentido bíblico é não querer bem! O mundo não nos estima, nós somos uns chatos; nós somos aquele que vêm lembrar o mundo coisas que o mundo não quer, de modo nenhum, aceitar. Não se iludam, gente! (...) Veja, a gente [nós] aceita a cruz com repugnância!... A gente [nós] pra aceitar a cruz tem de brigar a vida todinha pra se converter; e a gente quer fugir dela o tempo todo; a gente que é cristão; a gente que ama o Senhor; e vocês esperam que os de fora aceitem essa cruz brincando?!... Que juízo é esse da vida? A Cruz não é lógica, o caminho da Cruz não é um caminho natural; o caminho natural é o 'Eu cair fora' , 'é escapar, 'é eu salvar a minha vida'. O caminho natural é o que vocês vão escutar hoje, 'os doze fugiram', 'só deixaram [Judas] porque a marca do beijo da traição e...' 'e foi embora'. É interessante que no Concílio Vaticano II se discutia muito sobre a colegialidade episcopal, como os apóstolos eram um colégio [colegiado, grupo de pessoas], quer dizer, um grupo, de doze, tendo Pedro como 'cabeça'; os bispos são um colégio episcopal sucessor dos apóstolos, tendo o Bispo de Roma, o Papa, como 'cabeça'; aí tinha um Cardeal, o Cardeal Giuseppe Siri, aí ele, 'abusado', disse assim: 'Me mostrem no novo testamento uma única vez que os apóstolos tenham agido como colégio, como grupo? Porque eu só conheço uma, só uma vez os apóstolos agiram todos juntos: 'Eles correram e deixaram o Cristo sozinho.' E esta é a nossa tentação: 'Correr e deixar Cristo sozinho'. Na hora da humilhação, na hora do sofrimento; pegar a cruz e esconder [fez o gesto de mostrar a cruz para os fieis], colocar no bolso ou por dentro da camisa; é um jeito de dizer: 'Não conheço esse homem! Eu não tenho parte com Ele!' A Cruz não é lógica, nem pra gente e nem para o mundo. Quem acreditou naquilo que ouvimos, que o Filho de Deus, que o Messias seria crucificado (...). Eu insisto: 'Querem fazer a experiência do que é o escândalo da Cruz, no próximo sofrimento de vocês, o próximo momento difícil da vida, porque ele vem, né? A gente passa por período horríveis na vida, horríveis! Pois bem, no próximo período em que vocês estiverem assim, chorando, se acabando, vendo tudo fechado, você OLHEM PARA A CRUZ!... E digam: 'Senhor, é isso, né?' A Cruz a gente suporta, e abraça por amor de Jesus!... Como Jesus abraçou a dele. Então, não esperem... Vejam, a lógica de DEUS o mundo não aceita, não aceitará nunca!... Porque para a aceitar Cristo, tem que existir uma coisa chamada CONVERSÃO. Isso é pra mim que sou Bispo, é prá você... Ninguém aceita o Cristo: 'Ah! Que beleza! Que lindo! Que nada!..." Jesus fala, CON-VER-TEI-VOS!... Se é beleza, se é lindo, deixe seu pecado, deixe sua vida do 'seu jeito', e venha viver 'do Meu Jeito' [de acordo com a vontade de Deus] . E aqui a 'porca torce o rabo'; aqui muitos 'balançam cabeça' e dizem: 'Não, esta palavra é dura'. E Jesus não muda, nem 'dá desconto', nem 'faz abatimento'..."


Por isso, aceita sua Cruz e imite Jesus em tudo.
Isso não é tudo, mas é um bom começo.

A Paz de Jesus e o Amor de Maria!








terça-feira, 2 de agosto de 2016

A INDULGÊNCIA PLENÁRIA DA PORCIÚNCULA




A MENCIONADA INDULGÊNCIA COMEÇA ÀS 12 HORAS DO DIA 1 DE AGOSTO ATÉ O ENTARDECER DO DIA 2 DE AGOSTO, TODOS OS ANOS

I - ORIGEM

Numa noite do mês de Julho de 1216, como acontecia em tantas outras noites, na silenciosa solidão da pequena Igreja da Porciúncula, São Francisco ajoelhado no chão, estava profundamente mergulhado nas suas orações, quando de súbito, uma luz vivíssima e fulgurante encheu todo o recinto e, no meio dela, apareceu JESUS. ao lado da VIRGEM MARIA sorridente, sentados num trono e circundados por diversos Anjos. JESUS perguntou-lhe:“Qual o melhor auxílio que desejaria receber, para conseguir a salvação eterna das almas?”Sem hesitar, Francisco respondeu: “Santíssimo PAI, peço que a todos aqueles, que, arrependidos e confessados, vierem visitar esta Igreja, se lhes conceda um amplo e generoso perdão, uma completa remissão de todas as suas culpas”. “O que você pede Frei Francisco, é um benefício muito grande”, disse-lhe o SENHOR, “muito embora você seja digno e merecedor de muitas coisas. Assim, acolho o seu pedido, com uma condição, você deverá solicitar essa indulgência ao meu Vigário na Terra”.No dia seguinte, bem cedinho, Francisco acompanhado de Frei Nassau, seguiu para Perugia, a fim de se encontrar com o Papa Honório III. Diante de sua Santidade, falou: “Santo Padre, há algum tempo, com o auxílio de DEUS, restaurei uma Igreja em honra de Santa Maria dos Anjos. Venho pedir a Sua Santidade colocar nesta Igreja uma indulgência para quem visitá-la, sem a obrigação de a pessoa oferecer qualquer coisa em pagamento (naquela época, toda indulgência concedida a uma pessoa estava ligada à obrigação de essa pessoa fazer uma oferta), a partir do dia da dedicação dessa mesma igreja”.O Papa ficou surpreso e comoveu-se com o incomum pedido. Depois perguntou: “Por quantos anos você quer esta indulgência?”.“Santo Padre, não peço anos, mas penso em almas”, respondeu Francisco.“O que você quer dizer com isto?”“Se Sua Santidade estiver de acordo, eu queria que todas as pessoas que visitassem Porciúncula, contritos de seus pecados, em estado de graça, tendo confessado e recebido a absolvição sacramental, obtenham a remissão de todos os seus pecados, na pena e na culpa, no Céu e na Terra, desde o dia de seu batismo até o dia em que entrarem na Igreja”.“Mas não é um costume da Cúria Romana conceder tal indulgência!” “Senhor, falou o Poverello, este pedido, não o faço por mim, mas por ordem de JESUS CRISTO. É da parte dEle que estou aqui”.Ouvindo isto, o Papa, cheio de amor, respondeu três vezes seguidamente:“Em nome de DEUS, meu filho, concedo-lhe esta indulgência”.Como alguns Cardeais presentes quisessem interferir, o Papa confirmou:“Já concedi a indulgência. Todo aquele que entrar na Igreja de Santa Maria dos Anjos, sinceramente arrependido de suas faltas e tendo confessado, seja absolvido de toda pena e de toda culpa. Esta indulgência valerá somente durante um dia, em cada ano, in perpetuo, a começar das primeiras vésperas, incluída a noite, até as vésperas do dia seguinte”.A “consagração” da Igrejinha aconteceu no dia 2 de Agosto do mesmo ano de 1216. Assim sendo, a mencionada indulgência começa às 12 horas do dia 1 de Agosto até o entardecer do dia 2 de Agosto, todos os anos. A indulgência é conhecida com o nome: “DIA DO PERDÃO”. Para recebê-la, o fiel deve achar-se em "estado de graça", rezar um CREDO, um PAI NOSSO, fazer o pedido da Indulgência Plenária, e rezar um PAI NOSSO, uma AVE MARIA e GLORIA AO PADRE, pelas intenções de Sua Santidade o Papa.

II - ENTRE A TARDE DO DIA 1 AGOSTO E O PÔR-DO-SOL DO DIA 2 AGOSTO, VÁLIDO PARA QUALQUER TEMPLO DA IGREJA CATÓLICA NO MUNDO, SEGUNDO AS CONDIÇÕES REQUERIDAS.

A Indulgência da Porciúncula somente era concedida a quem visitasse a Igreja de Santa Maria dos Anjos, entre à tarde do dia 1 agosto e o pôr-do-sol do dia 2 agosto. Em 9 de julho de 1910, o Papa Pio X concedeu autorização aos bispos de todo o mundo, só naquele ano de 1910, para que designassem qualquer igreja pública de suas Dioceses, a fim de que, também nelas, as pessoas recebessem a Indulgência da Porciúncula. (Acta Apostolicae Sedis, II, 1910, 443 sq.; Acta Ord. Frat. Min., XXIX, 1910, 226). Por último, este privilégio foi renovado por um tempo indefinido por decreto da Sagrada Congregação de Indulgências, em 26 março de 1911 (Acta Apostolicae Sedis, III, 1911, 233-4). Significa dizer, que atualmente, qualquer Igreja Católica de qualquer país, tem o benefício da Indulgência que São Francisco conseguiu de JESUS para toda humanidade. Assim, ganharão a Indulgência todas as pessoas que, em "estado de graça", visitarem uma Igreja nos dias mencionados, rezarem um CREDO, um PAI NOSSO e um GLÓRIA, suplicando ao CRIADOR o benefício da indulgência, e rezando também, um PAI NOSSO, uma AVE MARIA e um GLÓRIA, pelas intenções do Santo Padre o Papa. Poderão utilizar a Indulgência em seu próprio benefício, ou em favor de pessoas falecidas ou daquelas que necessitam de serem ajudadas na conversão do coração.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Poderosa oração a Nossa Senhora de Fátima.





Santíssima Virgem,
que nos montes de Fátima
vos dignastes revelar a três pastorinhosos
tesouros de graças contidos
na prática do vosso santo Rosário,
incuti profundamente em nossa alma
o apreço em que devemos ter esta devoção, a vós tão querida,
a fim de que, meditando os mistérios da Redenção,
que neles se comemoram,
nos aproveitemos de seus preciosos frutos e alcancemos a graça (……………………….) que vos pedimos, se for para a glória de Deus
e proveito de nossas almas.
Assim seja.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai.

domingo, 8 de maio de 2016

“Mulher, eis aí o teu filho; (...) “Eis aí tua mãe” (Jo 19, 25-27)



“Mulher, eis aí o teu filho; (...) “Eis aí tua mãe” (Jo 19, 25-27)

Certa vez os fariseus e saduceus foram até João, o Batista. Cheio do Espírito Santo desde o ventre materno, João os reconheceu rapidamente, e percebeu que eles não tinham contrição alguma, que não queriam arrepender-se de seus pecados e tampouco converter-se da vida injusta que levavam.
Ao desmascará-los, João falou em alta voz:
 “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura? Dai, pois, frutos de verdadeira penitência. Não digais dentro de vós: Nós temos a Abraão por pai! Pois eu vos digo: Deus é poderoso para suscitar dessas pedras filhos de Abraão.” (Mateus 3, 7-9)
Você observou bem a parte que eu grifei acima? Que Deus tem poder para fazer nascer das pedras filhos de Abraão. A repreensão era em virtude que os fariseus e saduceus achavam que, por terem a descendência de Abraão, não precisariam conversão e que eram completamente justos, vivendo, no entanto, uma vida pecaminosa e cheia de maldades.
Com efeito, não basta ser filho de Abraão, é preciso viver uma vida agradável e obediente a Deus.
Mas o que eu quero falar é sobre a parte que eu grifei, de que Deus pode fazer surgir das pedras filhos de Abraão, pois a Deus coisa alguma é impossível. O mesmo Deus que pode fazer nascer das pedras filhos de Abraão também pode fazer com que as pedras falem quando os profetas se calam ou são calados.
Agora convido você a meditar a dolorosíssima crucificação de Jesus, no exato momento em que Jesus, em ato de última vontade, confiou Maria como Mãe a João e confiou João como filho de Maria, ao que João levou a Santíssima Mãe do Senhor para sua casa, lembrando que a casa do apóstolo é a Igreja.
Mas lembre, as palavras muitas vezes são insuficientes para retratar um momento, especialmente os sentimentos e as dores do coração. É lógico que Jesus deu Maria por Mãe de João Evangelista e que João naquele momento representava todos os cristãos - os nascidos e os que ainda iriam nascer -, o que significa dizer que em João Evangelista, por obra, graça, milagre e amor extremo de Jesus Cristo, todos nos tornamos filhos de Maria Santíssima.
A Beata Anna Catharina Emmerich, ao testemunhar esse acontecimento em suas maravilhosas visões e revelações particulares, acrescentou o que Jesus sentiu em seu Sacratíssimo Coração quando deu Maria por Mãe de João e de todos nós.
Vejamos um trecho do livro Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus, ocasião em que a Beata Anna Catharina narrou detalhadamente esse momento:
“A Mãe de Jesus, Madalena, Maria de Cléofas, Maria Helí e João estavam entre as cruzes dos ladrões, em redor da cruz de Jesus, olhando para Nosso Senhor. A Santíssima Virgem, em seu amor de mãe, suplicava interiormente a Jesus que a deixasse morrer com Ele. Então olhou o Senhor com inefável ternura para a Mãe querida e, volvendo os olhos para João, disse a Maria: ‘Mulher, eis aí o teu filho: será mais teu filho do que se tivesse nascido de ti.’ (...) Não sei se Jesus pronunciou alto todas essas palavras; percebi-as interiormente, quando, antes de morrer, entregou Maria Santíssima, como Mãe, ao Apóstolo querido e este, como filho, a sua Mãe. Em tais contemplações se percebem muitas coisas, que não foram escritas; é pouco apenas o que pode exprimir a língua humana.” (páginas 308-9)

Você percebeu bem? Se Deus pode fazer nascer das pedras filhos de Abraão, muito mais poderá fazer de nós filhos de Maria Santíssima, mais do que se tivéssemos, fisicamente, saído e nascido dela. Isso quer dizer que, por obra, milagre e graça de Jesus Cristo, Nosso Senhor, em ato extremo de amor e última vontade, nós fomos constituídos filhos da Santíssima Virgem Maria, mais do que se tivéssemos a sua carne e o seu sangue.
Veja bem, querido (a) leitor (a), que uma pessoa descende de outra segunda a carne e a natureza. Isso quer dizer que o nascimento decorre unicamente de uma consequência natural, muitas vezes sequer desejada pelos pais. Todavia, o nosso nascimento e nossa filiação em Maria Santíssima não decorre de uma consequência da natureza ou da vontade do homem, mas de milagre extraordinário, da vontade e da insondável misericórdia de Jesus Cristo, o nosso Senhor e nosso Deus.

Portanto, se somos filhos de Maria, e isso é uma verdade cuja afirmação é cada vez mais necessária, nós o somos não simbolicamente, mas, por graça de Deus, mais do que se naturalmente tivéssemos nascido de Maria.

 
Por isso, saiba! Maria é nossa Mãe, mais do que se tivéssemos saído dela.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Os Dogmas da Fé Católica.




OS DOGMAS DA IGREJA CATÓLICA


PARA A IGREJA CATÓLICA, dogma é uma verdade de fé revelada por Deus. Logo, um dogma é imutável e definitivo; não pode ser mudado nem revogado, pois Deus, sendo Perfeito e Eterno, não está sujeito à mudança. – O SENHOR é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13,8).

Uma verdade divinamente revelada só pode ser cnsiderada dogma quando proposta diretamente à fé cristã católica, através de uma definição solene (clarificação ou esclarecimento da Sã Doutrina), portanto infalível, do Magistério da Igreja. Para que tal aconteça, são necessárias duas condições:

a) O sentido deve ser suficientemente manifestado como sendo uma autêntica verdade revelada por Deus;

b) Essa verdade ou doutrina deve ser proposta e definida solenemente pela Igreja, Corpo de Cristo como um todo, como sendo verdade revelada e parte integrante da fé católica.


São 43 dogmas proclamados pela Igreja, que os divide em 8 categorias distintas:

1. Dogmas sobre Deus;

2. Dogmas sobre Jesus Cristo;

3. Dogmas sobre a criação do mundo;

4. Dogmas sobre o ser humano;

5. Dogmas marianos;

6. Dogmas sobre o Papa e a Igreja;

7. Dogmas sobre os Sacramentos;

8. Dogmas sobre as últimas coisas (Escatologia).

Apresentamos abaixo a lista de todos os dogmas da Igreja Católica, com sua respectiva breve descrição, organizados em suas categorias:

Dogmas sobre Deus:

1 – A Existência de Deus

A ideia de Deus não é inerente em nós, já que transcende a natureza humana, mas nós temos capacidade natural para conhecê-Lo, de certo modo espontaneamente, por meio de sua obra. O ser humano pode saber que Deus existe, por exemplo, mediante a observação atenta do universo natural.

2 – A Existência de Deus como Objeto de Fé

A existência de Deus, porém, não é apenas objeto do conhecimento da razão natural, mas também e principalmente é objeto da fé sobrenatural.

3 – A Unidade de Deus

Não existe mais que um único Deus.

4 – Deus é Eterno

Deus não tem princípio nem fim, está além do espaço e do tempo como somos capazes de experimentá-los e concebê-los.

5 – A Santíssima Trindade

No Deus Uno há três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Cada uma possui a imutável Essência Divina.

Dogmas sobre Jesus Cristo:

6 – Jesus Cristo é verdadeiro Deus e Filho de Deus por Essência

O Cristo possui a infinita Natureza Divina com todas as suas infinitas Perfeições, por haver sido gerado eternamente por Deus.


7 – Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam ou confundem

Declara o Concílio de Calcedônia (451, IV): "Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele mesmo perfeito em Divindade e Ele mesmo perfeito em humanidade (...) que se há de reconhecer nas duas naturezas: sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação e de modo algum apagada a diferença de natureza por causa da união, conservando cada natureza sua propriedade e concorrendo em uma só Pessoa" (Dz. 148).

Conforme as Sagradas Escrituras, "o Verbo se fez carne..." (Jo 1,14). / "...o qual, sendo de condição divina, não reteve avidamente o fato de ser igual a Deus, mas se despojou de Si mesmo, tomando a condição de servo, fazendo-se semelhante aos homens e aparecendo em seu porte como homem" (Fl 2,6-7). Vemos então que Cristo é possuidor de uma íntegra Natureza Divina e de uma íntegra natureza humana: a prova está, entre outros, nos seus milagres, em sua Ressurreição, em suas dores e no seu padecimento.
8 – Cada uma das Naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma própria operação física

Declara o III Concílio de Constantinopla (680-681): "Proclamamos, conforme os ensinamentos dos Santos Padres, que não existem duas vontades físicas e duas operações físicas, de modo indivisível, de modo que não seja conversível, de modo inseparável e de modo não confuso. E estas duas vontades físicas não se opõem uma à outra como afirmam os ímpios hereges..." (Dz. 291 e Dz. 263-288).

Deus Filho diz a Deus Pai nas Sagradas Escrituras: "Não seja como Eu quero, mas sim como Tu queres" (Mt 26,39). / "Não seja feita a minha vontade, mas sim a Tua." (Lc 22,42). – Diz ainda aos discípulos: "Desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas sim a vontade de Quem me enviou" (Jn 6,38). / "Ninguém me tira a vida, Eu a doei voluntariamente: tenho o poder para concedê-la e o poder de recobrá-la novamente" (Jo 10,18).

Apesar da dualidade física das duas vontades, existiu e existe a unidade moral, porque a vontade humana de Cristo se conforma em livre subordinação, de maneira perfeitíssima à Vontade Divina.


9 – Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho Natural de Deus Pai

“Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, para resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” (Missal Romano, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, 2ª Leitura – Gl 4, 4-5)


10 – Cristo imolou-se a si mesmo na Cruz como verdadeiro e próprio Sacrifício

No inefável Mistério, Cristo, por sua natureza humana, era ao mesmo tempo Sacerdote e Oferenda, mas por sua Natureza Divina, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, era O Mesmo que recebia o Sacrifício.


11 – Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do Sacrifício de sua morte na Cruz

Jesus Cristo quis oferecer-se a Si mesmo a Deus Pai, como Sacrifício apresentado sobre a ara da Cruz em sua Morte, para obter-no o perdão eterno.


12 – Ao terceiro dia depois de sua Morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos

Ao terceiro dia, ressuscitado por sua própria Virtude, levantou-se Nosso Senhor Jesus do sepulcro.


13 – Cristo subiu em Corpo e Alma aos Céus e está assentado à direta de Deus Pai

Ressuscitou dentre os mortos e subiu ao Céu em Corpo e Alma.
Dogmas sobre a criação do mundo:

14 – Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada

A criação do mundo, a partir do nada, não apenas é uma verdade fundamental da Revelação cristã, mas ao mesmo tempo chega a alcançá-la a razão com apenas suas forças naturais, baseando-se, por exemplo, nos Argumentos Cosmológicos: Argumento da Causa Primeira1 e Argumento da Contingência2.


15 – Caráter temporal do mundo

O mundo teve princípio no tempo, pois o Infinito é capaz de criar o finito, e o Eterno é capaz de dar existência ao temporal.


16 – Conservação do mundo

Além de Criador, Deus é Conservador, pois conserva na Existência a todas as coisas criadas.


Dogmas sobre o ser humano:

17 – O homem é formado de corpo material e alma espiritual

Este dogma foi afirmado no IV Concílio de Latrão (1215), sob Inocêncio III (1198-1216), e no Concílio Vaticano I (1869-70), sob Pio IX (1846-78). Segundo a doutrina da Igreja, o corpo é parte essencialmente constituinte da natureza humana, e não carga e estorvo como disseram certos hereges. Igualmente, para defender o dogma católico contra os que dizem que consta de três partes essenciais: corpo, alma animal e alma espiritual, o Concílio de Constantinopla declarou "que o homem tem apenas uma alma racional e intelectual" (Dz. 338). A alma espiritual é o princípio da vida espiritual e ao mesmo tempo o é da vida animal (vegetativa e sensitiva) (Dz. 1655).

Declaram as Sagradas Escrituras: "O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em seu rosto o alento da vida" (Gn 2,7). / "Antes que o pó volte à terra, de onde saiu, e o espírito retorne a Deus..." (Ecl 12,7). / "Não tenhais medo dos que matam o corpo e à alma não podem matar; temais muito mais Àquele que pode destruir o corpo e a alma na geena." (Mt 10,28).

Prova-se especulativamente a unicidade da alma no homem por testemunho da própria consciência, pela qual entendemos que o mesmo Eu, que é o princípio da atividade espiritual, é o mesmo que gera a sensibilidade e a vida vegetativa.


18 – O pecado de Adão se propaga a todos os seus descendentes por geração, não por imitação

O Pecado, que é morte da alma, se propaga de Adão a todos seus descendentes por geração, e não por imitação, sendo inerente a cada indivíduo.


19 – O homem caído não pode redimir-se a si próprio

Somente um ato livre por parte do Amor Divino poderia restaurar a ordem sobrenatural, destruída pelo Pecado. Sendo Deus infinitamente Grande, Justo e Perfeito, o crime contra Ele é infinitamente grave. Só poderia então ser resgatado mediante um Sacrifício infinitamente meritório e reparador, do qual nós não seríamos capazes.


Dogmas marianos:

20 – Imaculada Conceição e Virgindade Perpétua de Maria

A Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição foi, por singular Graça e Privilégio de Deus Onipotente, em previsão dos Méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original. Assim era preciso que a Mãe do Senhor, o Tabernáculo da Nova e Eterna Aliança, fosse imaculada, assim como era intocável e feita do ouro mais puro a Arca da Antiga Aliança.

A doutrina da Virgindade Perpétua de Maria expressa a "real e perpétua virgindade de Maria mesmo no ato de dar à luz a Jesus, o Filho de Deus feito homem". Maria permaneceu sempre virgem (em grego: ἀειπαρθένος – aeiparthenos), fazendo de Jesus seu único Filho, cuja Concepção e Nascimento são milagrosos. Já nos anos 300, esta doutrina era amplamente apoiada pelos Padres da Igreja e, no século sétimo, foi afirmada num conjunto de concílios ecumênicos. Este é um ensinamento tanto católico quanto anglocatólico, ortodoxo e ortodoxo oriental, como se comprova em suas Liturgias, nas quais repetidamente se faz referência à Maria como "sempre virgem".

Embora seja um fato pouco difundido atualmente, até mesmo alguns dos primeiros reformadores protestantes apoiavam esta doutrina, e figuras importantes do anglicanismo, como Hugo Latimer e Thomas Cranmer, "seguiam a Tradição que herdaram, aceitando Maria como 'sempre virgem'" (BRADSHAW, Timothy.
Commentary and Study Guide on the Seattle Statement Mary: Hope and Grace in Christ of the Anglican – Roman Catholic International Commission, 2005). A Virgindade Perpétua é ainda hoje defendida por teólogos anglicanos e luteranos.


21 – Maria, Mãe de Deus

Maria gerou a Cristo segundo a natureza humana, mas quem dela nasce transcende esta natureza humana. – O Filho de Maria é propriamente o Verbo Divino, encarnado em natureza humana. – Maria, então, é necessariamente mãe de Deus, posto que Jesus, o Verbo, é Deus: Cristo, sendo inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, faz de Maria verdadeira mãe de Deus, por não haver separação entre as Naturezas humana e divina em Nosso Senhor e Salvador. Evidentemente, Maria não é anterior ao próprio Deus Onipotente e Criador de todas as coisas, nem é "deusa". Este dogma, pois, não deve ser confundido: Maria não é e nem poderia ser mãe de Deus segundo a Natureza Divina; entretanto, como as duas Naturezas no Cristo são inseparáveis, ela foi feita, por um inescrutável Mistério do próprio Deus, a um só tempo criatura, serva, filha e  mãe do Senhor. O título Mãe de Deus a Igreja lhe atribui como ato e reflexo de sua veneração por ela e adoração por Deus.


22 – A Assunção de Maria

A Virgem Maria foi assunta ao Céu imediatamente após o fim de sua vida terrena; seu corpo não sofreu corrupção como sucederá com os homens e mulheres que ressuscitarão até o final dos tempos, passando pela descomposição. A Assunção de Nossa Senhora foi transmitida pela Tradição escrita e oral da Igreja. Não se encontra explicitamente na Sagrada Escritura, mas está ali implícita. O fato histórico, segundo relatos dos primeiros cristãos e transmitido pelos séculos de forma inconteste, dá conta de que, na ocasião de Pentecostes, Maria Santíssima tinha mais ou menos 47 anos de idade. Depois desse fato, permaneceu ela ainda 25 anos na Terra, a educar e formar, por assim dizer, a Igreja nascente, como outrora educara e protegera Deus Filho em sua infância. Terminou sua missão neste mundo com a idade de 72 anos, conforme a opinião mais comum.

Diversos Santos Padres da Igreja atestam que os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precederia o desenlace da Bem-aventurada Virgem Maria. S. João Damasceno, um dos mais ilustres doutores da Igreja Oriental, refere que os fiéis de Jerusalém, ao terem notícia do falecimento de sua Mãe querida (como a chamavam), vieram em multidão prestar-lhe as últimas homenagens, e que logo se multiplicaram os milagres em redor de seu corpo. Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que pediu para ver o corpo de Nossa Senhora. Ao retirar-se a pedra, o corpo já não mais se encontrava. Pela Virtude de seu Filho, a Virgem Santa ressuscitara. Anjos retiraram seu corpo imaculado e o transportaram ao Céu, onde ela vive na Glória inefável.

Estas antigas tradições da Igreja sobre o Mistério da Assunção da Mãe de Deus podem ser encontradas nos escritos dos Santos Padres e Doutores da Igreja dos primeiros séculos, e relatadas no Concílio geral de Calcedônia, em 451.


Dogmas sobre o Papa e a Igreja:

23 – A Igreja foi fundada pelo Deus-Homem, Jesus Cristo

Cristo fundou a Igreja; Ele estabeleceu os fundamentos substanciais da mesma, no tocante a sua doutrina, culto e constituição.

Atestam as Sagradas Escrituras o que Jesus declarou a S. Pedro: "Bem aventurado és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelaram (que Eu sou o Cristo), mas meu Pai que está nos Céus. Também Eu te declaro que és Pedro (no aramaico: Kepha = Pedra), e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu de darei as Chaves do Reino dos Céus, o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e o que desligares na Terra será desligado nos Céus." (Mt 16,17-19)


24 – Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e como cabeça visível de toda a Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente o primado da jurisdição

O Romano Pontífice é o sucessor do bem-aventurado S. Pedro e tem o primado terreno sobre todo o rebanho do Senhor, que é a Igreja. Este fato é atestado claramente, repetidas vezes, pelas Sagradas Escrituras:

** "Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: 'Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?' Respondeu ele: 'Sim, Senhor, tu sabes que te amo'. Disse-lhe Jesus: 'Apascenta os meus cordeiros'. Perguntou-lhe outra vez: 'Simão, filho de Jonas, amas-me?' Respondeu-lhe: 'Sim, Senhor, tu sabes que te amo'. Disse-lhe Jesus: 'Apascenta os meus cordeiros'. Perguntou-lhe pela terceira vez: 'Simão, filho de João, amas-me?' Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: 'Amas-me?', e respondeu-lhe: 'Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo'. Disse-lhe Jesus: 'Apascenta as minhas ovelhas'.” (João 21,15-17)

*** “Irmãos, sabeis que há muito tempo Deus me escolheu dentre vós (Apóstolos), para que da minha boca os pagãos ouvissem a Palavra do Evangelho. ”, declara solenemente o próprio S. Pedro (At 15,7).

**** Diz o Senhor especialmente e somente a S. Pedro: “Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, confirma os teus irmãos.” (Lc 22, 31-32)


25 – O Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda Igreja, não somente nas questões de fé e costumes, mas também na disciplina e governo da Igreja

Conforme esta declaração, o poder do Papa é de jurisdição; universal; supremo; pleno; ordinário; episcopal; imediato.


26 – O Papa é infalível quando se pronuncia ex catedra

Para compreender este dogma, convém ter na lembrança: sujeito da infalibilidade papal é todo Papa legítimo, em sua qualidade de sucessor de Pedro. O objeto da infalibilidade são as verdades de fé e os costumes, revelados ou em íntima conexão com a Revelação Divina. A condição da infalibilidade é que o Papa fale ex catedra, isto é:

a) Que fale como pastor e mestre de todos os fiéis fazendo uso de sua suprema autoridade.

b) Que tenha a intenção de definir alguma doutrina de fé ou costume para que seja acreditada por todos os fiéis. As encíclicas pontificais não são definições ex catedra.

A razão da infalibilidade é a assistência sobrenatural do Espírito Santo, que preserva o supremo mestre da Igreja de todo erro, conforme a Promessa de Cristo ('Eis que estou convosco até o fim do mundo' – Mt 28,20). A consequência da infalibilidade é que as definições ex catedra dos Papas sejam por si mesmas irreformáveis, sem a possibilidade de intervenção posterior de qualquer autoridade, mesmo que seja outro Papa.


27 – A Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes

Estão sujeitos à infalibilidade:
• O Papa, quando fala ex catedra;
• O episcopado pleno, com o Papa, que é a cabeça do episcopado, é infalível quando, reunido em concílio ecumênico ou disperso pelo rebanho da Terra, ensina e promove uma verdade de fé ou de costumes para que todos os fiéis a sustentem.


Dogmas sobre os Sacramentos:

28 – O Batismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo

Atestam as Sagradas Escrituras: "Jesus lhes disse: 'Toda autoridade me foi dada no Céu e na Terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo'.”.


29 – A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento

Este Sacramento concede aos batizados a Fortaleza do Espírito Santo para que se consolidem interiormente em sua vida sobrenatural e confessem exteriormente com valentia sua fé em Jesus Cristo.


30 – A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o Batismo

Foi comunicada aos Apóstolos e a seus legítimos sucessores o poder de perdoar e de reter os pecados para reconciliar aos fiéis caídos depois do Batismo. Cristo, que pode perdoar os pecados, deu à sua Igreja o poder de perdoá-los em seu Nome: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes (não perdoardes), serão retidos” (Jo 20, 22ss).


31 – A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é necessária para a salvação

Basta indicar a culpa da consciência a sacerdote devidamente ordenado, mediante confissão secreta.


32 – A Eucaristia é verdadeiro Sacramento instituído por Cristo

Atestam as Sagradas Escrituras:

"Eu sou o Pão Vivo que desceu do Céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente. E o Pão que eu hei de dar é a minha Carne, para a salvação do mundo." (Jo 6,51)

"Quem se alimenta da minha Carne e bebe do meu Sangue permanece em Mim, e Eu nele." (Jo 6, 56-57)

"Pois a minha Carne é verdadeiramente comida e o meu Sangue é verdadeiramente bebida." (Jo 6,55)

"O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de Cristo? O Pão (...) não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?" (I Cor 10,16)

"Cada um se examine antes de comer desse Pão e beber desse Cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação." (I Cor 11,28-30)

33 – Cristo está Presente no Sacramento do Altar pela Transubstanciação de toda a substância do pão em seu Corpo e toda substância do vinho em seu Sangue

Transubstanciação é uma conversão no sentido passivo; é o trânsito de uma coisa a outra. Cessam as substâncias de Pão e Vinho, pois sucedem em seus lugares o Corpo e o Sangue de Cristo. A Transubstanciação é uma conversão milagrosa e singular diferente das conversões naturais, porque não apenas a matéria como também a forma do pão e do vinho são convertidas; apenas os acidentes permanecem sem mudar: continuamos vendo e experimentando fisicamente pão e vinho, mas substancialmente já não o são, porque neles está realmente o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

[Saiba mais sobre a Eucaristia, o centro da fé e da vida da Igreja]


34 – A Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo

Atestam as Sagradas Escrituras:

“Está alguém enfermo entre vós? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor.” (Tg 5,14)


35 – A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo

Existe uma hierarquia instituída por ordenação Divina, que consta de Bispos, Presbíteros e Diáconos. As Sagradas Escrituras o atestam em Fl 1,1.


36 – O Matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento

Cristo restaurou o Matrimônio instituído e bendito por Deus, fazendo que recobrasse seu primitivo ideal da unidade e indissolubilidade e elevando-o a dignidade de Sacramento.


Dogmas sobre as últimas coisas:

37 – A Morte e sua origem

A morte é consequência do pecado primitivo. O relato bíblico da Queda (Gn 3) utiliza uma linguagem feita de imagens, mas afirma um acontecimento primordial, um fato que ocorreu no início da história do homem. A Revelação dá-nos a certeza de fé de que toda a história humana está marcada pelo pecado original cometido livremente por nossos primeiros pais, trazendo como consequência a morte. "Porque o salário do pecado é a morte, mas o Dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor" (Rm 6,23).


38 – O Céu (Paraíso)

As almas dos justos, que no instante da morte se acham livres de toda culpa e pena de pecado, entram no Céu.


39 – O Inferno

As almas dos que morrem em estado de pecado mortal vão ao inferno.


40 – O Purgatório

As almas dos justos que no instante da morte estão agravadas por pecados veniais ou por penas temporais devidas pelo pecado vão ao Purgatório. O Purgatório é estado de purificação.


41 – O Fim do mundo e a Segunda vinda de Cristo

No fim do mundo, Cristo, rodeado de Majestade, virá de novo para julgar os homens.


42 – A Ressurreição dos Mortos no Último Dia

Aos que creem em Jesus e se alimentam de seu Corpo e bebem de seu Sangue, Ele lhes promete a ressurreição para vida eterna de Paz e Plenitude.


43 – O Juízo Universal

O Cristo, Senhor e Salvador, depois de seu Retorno, julgará a todos os homens.

Fonte: http://www.ofielcatolico.com.br/2004/10/os-dogmas-da-igreja-catolica.html

Oração do Abandono - Frei Reginald Marie Garrigou-Lagrange

Em vossas mãos, ó meu Deus, eu me entrego. Virai e revirai esta argila, como a vasilha que se modela nas mãos do oleiro. Dai-lhe forma; e em...